“Alguns, nunca enlouquecem, que vida de merda, eles devem ter”, foi o que escreveu Charles Bukowski. Essa frase me salvou. Quando eu a li, pela primeira vez, eu era criança, estava entrevado das pernas há meses, por conta de uma febre reumática que tive. Eu pensei: “esse cara, me referindo ao autor, tem algo diferente dentro dele, é essa força que quero ter”. Ele me salvou de uma vez por todas. Meus professores iam até minha casa e me aplicavam as provas. Meus colegas me emprestavam os cadernos pra que eu copiasse a matéria. Eu tinha livros pra ler. Canetas para anotar. Tive um médico. Eu fui ajudado. E também me ajudei. Quando fiquei em pé de novo, eu tinha 10 anos de idade, estava tapado de pelos brancos ao redor de minha face, por conta do tratamento. Senti que um arrepio percorreu minha espinha e beijou minha nuca. Eu pensei, “nada vai me derrubar, vou ajudar o máximo de pessoas que puder, mas nunca vou colocar em minhas mãos a felicidade alheia, porque sei que essa é uma
Literatura, arte e conhecimento