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Mostrando postagens de abril, 2020

Escrevendo no mundo moderno

Vez ou outra alguém solicita uma leitura crítica ou mesmo uma orientação estilística para a obra que está escrevendo. Eu trabalho neste campo tem algum tempo, e presto também serviços de revisor e editor quando tenho oportunidade. E um aspecto recorrente que percebo é a preocupação de quem escreve em 2020. É um exagero, o temor que noto nas pessoas, e isso me deixa a pensar em Rubem Fonseca. Este autor sempre disse que não podemos ter preconceito com as palavras a menos que estejamos fazendo um livro para crianças. É uma afirmação importante. Eu acho. Enquanto sociedade, temos muita dificuldade em encontrar o equilíbrio. E esta situação reverbera em tudo. Inclusive em nosso cotidiano. Como somos cheios de desequilíbrios sociais e vivemos um tempo em que surge, no âmago de muitos, a necessidade de evolução, estamos ultrapassando a linha que divide a realidade da ficção. Muitos autores estão entrando em uma gaiola que tem o poder de matar a criatividade e ótimas histórias também. Eu

Uma sociedade que não compreende a empatia e o respeito

Em um blog se consegue expor uma ideia dentro de uma situação em que os contextos são transparentes e o que estamos dizendo não se mistura com o que os demais estão falando.  Dentro de minha ótica, penso que o diálogo é para quem está para o diálogo. Um debate só serve, quando o objetivo de ambas as partes é o crescimento. Quando é uma guerra para se vencer, torna-se desnecessário. Muita gente ainda não se deu conta, mas creio que chegará a tal conclusão algum dia: temos uma investigação de âmbito nacional que objetiva apurar grupos que distribuem notícias falsas e ideologias odiosas através de robôs, contudo, é preciso reconhecer que existem pessoas envolvidas nisso, gente que nos surpreende com suas posições. Enquanto seres sociais, temos de ter noção de limites. Imagina se eu entro em sua casa, e começo a tomar decisões por você? Imagina impor a nossa presença aos demais? Pense no despautério que é cercear a liberdade alheia? Creio que a gente precisa compreender que visões

Tenho que dar razão pro Ciro Gomes

A internet está tomada por milícias virtuais. São neonazistas que chovem na linha do tempo das pessoas. Acreditam que são soldados. Agridem a todos e não se intimidam diante de mulheres. É uma constante. E por que eu me irrito com isso? Porque se a gente encarar o miliciano, ele se caga e depois, o algoritmo cai em cima da gente. Eu me pergunto: plataformas sociais têm condições de lidar com isso de maneira justa? Acho que não tem. Eu dou um boi pra não entrar em uma briga, mas dou uma boiada pra não sair. O Ciro disse que não dá pra dar mole pra fascista. Que não é com delicadeza que vamos vencer esse tipo de ideologia. Eu acho que ele está certo. Tem que baixar o sarrafo mesmo.

Viver com a maior simplicidade possível

Não creio que minhas escolhas ou ideias sejam verdades absolutas e tampouco tenho a intenção de tornar-me um guru. Contudo, hoje, venho até aqui para relatar uma experiência pessoal. Tomo tal atitude, partindo do pressuposto que enquanto seres humanos, devemos partilhar as nossas vivências com o objetivo de evoluir pessoalmente e coletivamente. Creio que a troca é interessante para qualquer ser pensante. E quero falar de uma vida minimalista. Não sei ao certo se uso esta palavra corretamente, pois existem muitos conceitos e muitas opiniões e visões sobre o assunto, então eu acho que a explicação mais acertada para definir o que quero abordar é a seguinte frase: tornei-me mais feliz, quando entendi que a vida mais simples possível era o caminho mais sereno para seguir. Como toda pessoa, passei uma parte de meu tempo de criança tentando encontrar o sentido da vida e seguindo convenções sociais que não me tornavam uma pessoa feliz. Muita gente fala sobre isso. Eu diria inclusive, que

Bolsonaro é o presidente que chama o povo para morrer

Creio que seja um tempo para aprendermos a lidar com nosso sentimento de indignação. Em meio a uma pandemia de proporções mundiais, o presidente que não consegue ser messias, insiste em dizer que a população deve se expor ao Covid-19. O mesmo afirma que não tem outra saída. É claro que não tem, pois o presidente prefere cruzar os braços e chamar o povo para morrer ao invés de tentar preservar a vida dos brasileiros e tomar alguma atitude sensata. E mesmo com uma postura suicida, consegue inflamar seus apoiadores. Hoje eu li na internet, o comentário de um bolsonarista, que dizia trabalhar de segunda a sexta e que o presidente não o obrigava a fazer isto. Um exemplo de pessoa que não sabe o que diz. Afinal de contas, se pudesse escolher, certamente não se exporia ao Covid-19. Mas, sem oportunidades e políticas adequadas, que dependem, sim, do presidente, não tem o poder de escolha. Diante de tamanha estupidez e crueldade, respiro fundo, escrevo e faço o possível para manter minha me

O pico era alto e a neblina constante

Dia 1 — Vista este poncho, está muito frio e a caminhada é longa. — Eu não sinto frio, Mestre. O mestre permaneceu em silêncio. O pico era alto e a neblina constante. Dia 2 — Mestre, está muito mais frio aqui em cima, acho que vou congelar. O mestre permaneceu em silêncio. O pico era alto e a neblina constante. Dia 3 Os abutres tinham o que comer. O mestre permaneceu em silêncio. O pico era alto e a neblina constante.

Eu gosto de cigarro com filtro vermelho

Quando um trombadinha exigiu a grana, com um canivete na mão, eu passei 20 reais. Disse que era tudo que eu tinha e o chamei de senhor. Lá de onde venho, todo mundo tem direito a comer. E quando a mulher passou e pediu: eu cedi um cigarro. Mas, quando um marmanjo se agigantou, eu roubei a carteira de Marlboro que ele tinha no bolso.

O eremita

fecho meus olhos e controlo minha respiração eu não tenho pressa e solto meus ombros existe um cume um ponto transcendental que abre a porta o meu espírito não sente frio o meu espírito não sente medo o caminho é longo a montanha é divina e a mente é o nosso maior segredo

Fora da caixa

a fábrica é cheia de caixas apertadas mas a gente não precisa se conformar com nenhuma delas

Uma grande obra: Poetas Românticos Brasileiros

Trecho do poema JUCA-PIRAMA [No meio das Tabas de amenos verdores, Cercados de troncos - cobertos de flores, Alteiam-se os tetos d'altiva nação; São muitos seus filhos, nos ânimos fortes, Temíveis na guerra, que em densas coortes, Assombram das matas a imensa extensão.] Em meio ao frio outonal que descortina o gelo seguinte e invernal, ganho fôlego para escrever este breve texto.  Antes, porém, tomo providência e acompanho-me de um café bem forte e, sem nenhuma vergonha, mergulho em um texto cativante.  São três volumes de uma mesma obra, intitulada: Poetas Românticos Brasileiros. A compilação é um espetáculo em todos os sentidos e está cheia de ótimos autores como: Casemiro de Abreu e Alvares de Azevedo, entre tantos outros.  A montagem é de 1963 e suas páginas amareladas exalam o cheiro da literatura atemporal. O livro é iniciativa composta e impressa na Gráfica e Editora Minox Ltda (Jabaquara – São Paulo) e tem a edição da Livraria e Editora Logos Ltda para a Livraria d

Sangue quente

quando é inverno e a noite fica estrelada o campo amanhece congelado o meu cavalo tem o sangue quente e sabe disso ele tem memória e espírito ancestrais o meu cavalo aprendeu a pisar na grama e quebrar o gelo antes de comer ele aprendeu a pisar no rio e quebrar o gelo antes de beber o meu cavalo tem o sangue quente e sabe disso ele tem memória e espírito ancestrais a fumaça é sagrada a fumaça é divina a fumaça é a essência e o espírito do criador e meu cavalo sabe disso dois punhados de brasa e um tanto igual de folha e casca de laranjeira muito alho muito alecrim  e folha de eucalipto eu e meu cavalo respiramos fundo e gostamos de correr até limpar o corpo eu e meu cavalo respiramos fundo e gostamos de correr até salvar a nossa alma e expurgar o mal o meu cavalo tem o sangue quente e sabe disso ele tem memória e espírito ancestrais e vai me ensinar a correr como ele a fumaça é sagrada a fumaça é divina a fumaça é a essên