Em meio ao frio outonal que
descortina o gelo seguinte e invernal, ganho fôlego para
escrever este breve texto. Antes, porém, tomo providência e acompanho-me
de um café bem forte e, sem nenhuma vergonha, mergulho em um texto cativante. São três volumes de uma mesma obra, intitulada: Poetas Românticos Brasileiros. A compilação é um espetáculo em todos os
sentidos e está cheia de ótimos autores como: Casemiro de Abreu e Alvares de
Azevedo, entre tantos outros. A montagem é de 1963 e suas páginas
amareladas exalam o cheiro da literatura atemporal. O livro é iniciativa
composta e impressa na Gráfica e Editora Minox Ltda (Jabaquara – São Paulo) e
tem a edição da Livraria e Editora Logos Ltda para a Livraria do Centro (São
Paulo). Sem delongas, achei uma obra fenomenal
e indico aqui no blog para os amantes da literatura clássica nacional.
Ando em dois mundos e agora estou distante da mata mais verde que já vi O vento castiga minha face e afaga um varal colorido que tremula Sinto que minha alma revive O cheiro do monóxido de carbono carimba meu pulmão E um pássaro canta no alto de uma árvore Contudo, sem asas, porém, também divino, um mano desconhecido corre o olho pelo trampo Sei que a calçada me abriga desde muito jovem Seja palavra Seja tinta Seja madeira Seja ferro, fogo ou brasa O que mais importa é ser Ser como se nasceu Honesto consigo e o mundo em nossa volta E ao tempo em que me sirvo da situação e anoto, estou em paz comigo mesmo Estou livre Estou participando da mudança Estou em casa Estou na rua Estou esparramando um tanto do que brota em meu coração E olhando o varal e coringando o pano, sei que ando em dois mundos Com os mesmos pés O mesmo espírito A mesma alma E a mesma satisfação de ser