Tenho andado como quem tenta imitar um monge
Persigo
um passo de cada vez. Mantenho meu pensamento desapegado das ilusões que um dia
ouvi. Faço dos meus dias uma promessa de resistência. Não invento força para
negar o que percebo e sigo como quem deixa que tudo vá e se manifeste. Aprendi
que não existe quem não tenha provado um pouco de abandono, de tristeza e dor,
ao tempo em que sobrevive. Estou seguindo uma convicção que me diz o seguinte: desapegue
e não pragueje, apenas caminhe. É uma atitude libertadora e poderosa, aceitar o
que tenho de acolher e fazer o que preciso bancar. Sinto como se lambesse
minhas feridas sem chorar. Tenho a impressão de que muita coisa que apanhou-me
desprevenido tinha alicerce em uma visão fiel e extremamente unilateral. Um erro
meu, pois, no fundo, já sabia que havia um padrão. Sim, eu me enganei. E me iludi
porque escolhi. Contudo, observar os monges, permitiu que eu pudesse renascer, ainda
bem.