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Mostrando postagens de junho, 2020

O que importa

não importa se morreu de Covid-19 ou morreu de doença respiratória se morreu de fome ou morreu de bala perdida o que importa: é que a Pátria os deixou esperando até a hora de morrer

Mantenho meus olhos no céu

penso em toda vida que há ouço algumas cigarras ao longe e vejo pássaros apressados em migração ouço o que há em meu âmago e tento aquietar todo barulho que existe aqui dentro espero que o tempo passe e que tudo se transforme em esperança outra vez eu espero profundamente há muito tempo e enquanto espero faço sempre o mesmo e mantenho meus olhos no céu

Um celular do capeta

Eu realmente fico impressionado com quem consegue escrever em um teclado de celular. As teclas são tão pequenas que nem consigo colocar os meus dedos aonde quero. O revisor ortográfico está sempre um passo em frente. E o aparelho instala programas o tempo todo. Ele treme. Ele apita. É como se a máquina estivesse interessada em pensar por mim.

Vida de ermitão

Sentou-se na rocha. O sol banhava seu corpo. Havia um silêncio imenso. Podia-se ouvir o riacho que corria. A brisa era fria, tal qual o dia, e mesmo mansa, mostrava o quanto a temperatura vinha caindo nos últimos dias. A natureza seguia seu curso com equilíbrio. Nada de ruim habitava sua mente. Sentia-se envolto por um cosmos luminoso. Uma benção natural. Algo que nutria seu espírito, seu corpo. Ao longo do tempo a leitura e o isolamento ganharam espaço em seu dia e vicejaram de hábito para filosofia de vida. A caminhada que escolheu o trouxe para um universo paralelo em relação ao mundo no qual passou boa parte de sua vida. Não precisava preocupar-se com horários e baseava-se nos astros e na natureza para contar o tempo. Não frequentava supermercados e dedicava-se a colher frutos e cuidar de sua estufa. A vida que abraçou tinha caráter autossuficiente e pacífico. Há um bom tempo que não pisava o asfalto e reaproximou-se da terra. Nem lembrava mais de como soavam as buzinas em meio a

O saco encheu

o espírito é um sorriso no meio da rua e uma encarada na esquina o espírito é o bater de asas de um gavião e um pouco de urina no chão