Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de dezembro, 2018

Vontade para acampar

eu tenho andado meu caminho com tudo que tenho e confio no amanhã porque antes de dormir penso em seus olhos e quando o sol vem eu sinto esperança em voltar inteiro e te ver eu andei na chuva e peguei sol eu tomei frio e vi uma placa que permitia 100km/h eu fiz a curva fechada e na reta mais longa senti que furei o horizonte eu senti sede e fome e fiz o que podia eu me mantive com o grupo e me portei como um lobo que ama sua alcateia eu pensava em poesia com cheiro de óleo e gasolina eu queria limpar minha alma no vento e deixar minha cabeça vazia por um tempo eu queria encontrar algo verdadeiro algo que eu sentisse e que pudesse dizer sem gaguejar você me entende? você lembra quando eu liguei? eu disse que ao chegar em casa tinha um beijo para dar e um abraço para repartir baby eu comprei fichas com o azar e apostei na sorte eu rodei muito e furei a bilheteria

Poesia de marreta

a poesia é um bagulho que faz calo, dá sono, e quando acorda parece água fria! a poesia é a coisa mais doida que eu conheço, tem o cheiro do gás-carbônico que eu sinto lá na rua. a poesia tem o jeito que o mundo sente e vive: é feita de fel e amor triste. a poesia é o que dá um minuto para toda vida. a poesia têm seis letras e não aceita muita demagogia. a poesia  é assim, tão doce, que parece marreta.

Uma biografia para o Tody

Quando Tody não aguentava mais, saía pela rua sem qualquer plano. Pegava sua faca, atocaiava-se e, simplesmente, esperava pela sorte. Ele sentia dores de cabeça aguda e palpitações coronárias. E tudo que ele queria era alívio para sua cachola e seu peito. Um dia para que sua cabeça não doesse. Para que seu coração não palpitasse em disparada. E o único jeito de conseguir tal proeza era através de sua faca. Tody esfaqueava suas vítimas sempre na segunda costela porque sabia da eficiência do golpe que perfurava órgãos de importância vital. Ele era terrível e orgulhava-se de nunca ter perdido um golpe. Ele era a sensação da ala mais perigosa da Penitenciária de Culp. Uma gaiola de segurança máxima. Sempre rodeado de ouvintes, ele contava detalhes de sua carreira como matador. Tody era doido. E eu que trabalhava como carcereiro e que passava horas e horas de meu dia ouvindo forçosamente seus relatos resolvi anotar suas histórias. Até porque, o único modo de Tody conversar com seu

Uma crônica de verão

Em dezembro, em meio ao ar escaldante do verão, percebia um sentimento maluco, provavelmente, proveniente de uma energia coletiva mais pesada que o normal. 2018 foi um ano difícil. Ano eleitoral. Um ano sangrento. Com nada de empatia. Um verdadeiro inferno proclamado, tanto na Terra, como nas redes-sociais. E, sem ter como lutar contra o descontentamento, quase que geral, refugiei-me nos fundos de casa, bem longe da internet. É um ponto estratégico que uso, seguidamente, quando desejo aliviar minhas tensões e ver o que se passa na rua com a mais absoluta discrição. Pois há uma pequena grade. Uma fenda. Um recorte no paredão. Uma espécie de TV. E, por isso, sentei-me ao pé do muro e camuflei-me na esperança de espionar o mundo e ver algo bom. Foi quando olhei em direção da esquina e encontrei dois garotos. Os dois, muito magros. Um, via-se, pelo tamanho, que era mais velho. Em torno de seus 12 anos. Moreno. De boné. Bermuda. Camiseta e chinelo. O outro, mais baixo, o típico sarará,

Dia quente

ando pela rua e sinto que o sol queima meus miolos. não espero nada em minha vida. apenas sigo meu caminho. deixei meus sonhos em algum lugar que não me serve mais. não espero pela alegria, nem tenho medo da solidão. nada me move. e ao mesmo tempo, tudo me fortalece. sou fruto do mundo. forjado em sua própria desilusão. não tenho certeza alguma de que estarei vivo amanhã. tampouco, acumulo em minha alma, o desejo de saber. deixei meu passado no passado. ponho meu futuro no futuro. vivo meu presente no presente. e sinto que este é o maior sossego que se poder ter, em um dia tão quente, neste mundo tão frio.

Quem é o dono da terra?

Enquanto brasileiros, temos uma missão: respeitar os povos indígenas. E para começarmos a colocar tal ideia em prática é preciso analisar alguns pontos relativos ao que tange a União e a nossa realidade nacional. Porém, é impossível respeitar um povo ou uma nação que não tem poder de escolha. Porque o respeito começa, quando se pode escolher. Os povos indígenas têm uma cultura, uma fé, uma estrutura social definida. Os indígenas não precisam de nada externo, antes de tudo, porque são um povo. O indígena tem alma. Tem um coração. Tem um cérebro. Tem capacidade. Eu pergunto: os indígenas são os donos do Brasil? Sim, são. Contudo, o Brasil é grande. Tem lugar para todo mundo. É como pensa um indígena. É como pensa um Cacique. No entanto, acredito que a União deva pensar do mesmo jeito. O nosso Estado/União, se interessa pelo controle da nação e pela arrecadação, ao tempo em que diz que garante o bem-estar social de seu povo. Isso inclui os indígenas, também, porém o Estado nunca atend

Por que lemos tão pouco?

Vivemos um tempo em que o valor está no status. Então, um livro só tem importância se nos servir de ostentação ou diferenciação sobre os demais em algum momento. Em nosso mundo, ter é melhor do que ser ou viver. Vejo nas redes-sociais milhares de posts a respeito de livros. E embora muita gente se diga um leitor compulsivo, que compra mais do que consegue ler, livrarias e editoras seguem mergulhadas em uma crise profunda. É uma situação que nos deixa, muitas vezes, sem palavras, pois mesmo gigantescas livrarias como a Saraiva e a Cultura atravessam um período difícil em 2018 e consigo arrastam as abaladas editoras. Em meu modo de ver, não lemos nem quando compramos um livro. Esta é a verdade que tomo com base no que observo. Pois comprar o livro mais badalado do momento rende um post que proporciona um elevado número de positivos e isso nos qualifica como populares e eruditos. Contudo, no momento em que observamos a intimidade ortográfica ou intelectual do usuário, percebemos

Vivemos um tempo bem estranho

Sinto como se houvesse uma nuvem gigante que paira no ar e que produz uma espécie de confusão mental. Acho que de alguma maneira a vida moderna não está fazendo bem para o ser humano. Costumo respeitar os problemas e as ideias de todos, mas eu me pergunto: o que foi que se perdeu? O que foi que aconteceu? E muitas vezes me pergunto também: o que foi que eu fiz de errado para com alguém? E a minha lucidez me mostra que não fiz nada. Sendo sincero, acho que o homem moderno passa muito tempo encucando coisas e lutando em guerras ilusórias. Cabeça vazia é oficina de maus pensamentos, em minha ótica. E tenho a sensação de que mantenho minha sanidade porque trabalho em torno de 12, 14h por dia e desta maneira não sobra tempo para me envolver diretamente em situações negativas ou desnecessárias. Fazendo um recorte: este ano, consegui a oportunidade de trabalhar com a Língua Tupi-Gurani. A Língua-Tronco, como se diz. É através dela que se pode compreender uma série de dialetos linguísticos