Ando em dois mundos e
agora estou distante da mata mais verde que já vi
O vento castiga minha face
e afaga um varal colorido que tremula
Sinto que minha alma
revive
O cheiro do monóxido de
carbono carimba meu pulmão
E um pássaro canta no alto
de uma árvore
Contudo, sem asas, porém,
também divino, um mano desconhecido corre o olho pelo trampo
Sei que a calçada me
abriga desde muito jovem
Seja palavra
Seja tinta
Seja madeira
Seja ferro, fogo ou brasa
O que mais importa é ser
Ser como se nasceu
Honesto consigo e o mundo
em nossa volta
E ao tempo em que me sirvo
da situação e anoto, estou em paz comigo mesmo
Estou livre
Estou participando da
mudança
Estou em casa
Estou na rua
Estou esparramando um
tanto do que brota em meu coração
E olhando o varal e coringando
o pano, sei que ando em dois mundos
Com os mesmos pés
O mesmo espírito
A mesma alma
E a mesma satisfação de
ser