A internet
está tomada por milícias virtuais. São neonazistas que chovem na linha do tempo
das pessoas. Acreditam que são soldados. Agridem a todos e não se intimidam
diante de mulheres. É uma constante. E por que eu me irrito com isso? Porque se
a gente encarar o miliciano, ele se caga e depois, o algoritmo cai em cima da gente. Eu me pergunto: plataformas sociais têm condições de lidar com isso de maneira justa? Acho que
não tem. Eu dou um boi pra não entrar em uma briga, mas dou uma boiada pra não
sair. O Ciro disse que não dá pra dar mole pra fascista. Que não é com
delicadeza que vamos vencer esse tipo de ideologia. Eu acho que ele está certo.
Tem que baixar o sarrafo mesmo.
Saio para levar o lixo até o contêiner. O tempo está carregado e vem mais chuva e mais desgraça e isso está me atormentando. Tem um vento frio que se parece com o que sopra no inverno. Alguns pássaros cantam ao tempo em que motoristas afoitos buzinam e gesticulam uns para os outros sempre que dois ou três carros se encontram em uma esquina. Logo vejo dois cães que me cercam e começam a latir. São os mesmos de todos os dias. Agora, manter os próprios cachorros na rua como se estivessem em área privada é o novo normal. Aliás, não aguento mais essa teoria de o novo normal para tudo, como se o mundo houvesse virado de cabeça para baixo. Em pouco tempo escuto rosnadas, olho firme para um deles e digo em alto e bom som: se tu te bobear vou ter de te chamar na pedra. O cão pressente que existe algo de diabólico comigo e hesita. Largo o lixo para dentro do contêiner e em dois segundos tenho quatro pedras em minhas mãos. O canino, incrédulo, ainda me olha e eu olho para ele. Lá pelas tantas v...