Motivei-me a escrever esta crônica depois de
ler uma crítica direcionada a algumas séries. Deixo o link a seguir para
orientar o leitor a respeito do assunto em sua totalidade:
Nos dias de hoje, não se deveria ler Ernest
Hemingway. Também não se deveria ler Charles Bukowski. E também não se deveria
ler J. D. Salinger. E por aí vai. Em um primeiro momento, questiona-se o modo
como se constrói e como se apresenta um personagem, um enredo, uma ficção.
Em resumo, não se pode brincar com a dubiedade
e também com quase nada. E independente de concordarmos ou não, com a crítica, eu
pergunto: “Ainda temos a capacidade de pensar? Ainda temos discernimento? De quem
é a obrigação de nos instruir moralmente? E até aonde vai o limite no momento
de expor uma manifestação artística? O que pode e o que não pode e por quê? Qual
é o critério? Uma série têm as mesmas obrigações que um documentário de caráter pedagógico e instrutivo? E o que é certo para um, tem de ser o certo para o outro? E o
contexto, ele não existe mais?”. Ou seja, me parece que o herói tem de ser
lindo, honesto, um espelho, um estereótipo imaculado.
Eu pergunto de novo: “Somos imaculados? Somos perfeitos?
E o que acontece com os tons de cinza que invariavelmente se apresentam em
muitas de nossas ações individuais ou coletivas? Aonde colocaremos o drama e o
conflito da vida?”.
Acho que somos humanos. Temos desgraças. Temos
luz. Temos tudo. E creio que o papel da arte é apresentar situações para que
possamos pensar a respeito delas. Precisamos de conflitos para exercitar o
nosso cérebro. É refletindo e questionando situações e informações que
aprendemos a construir o pensamento. Sem tal exercício, nos tornamos apenas
combatentes ficcionais.
De minha parte, penso que o mundo real ainda é
o mesmo. Obviamente, a arte rompe os limites do mundo. Enfim, para encerrar, espero
que possamos aplicar a bondade e o correto na fila do banco. No trânsito. Na política.
Pois me parece que a arte, definitivamente, não cabe em um manual didático e
moral. Até por que, não se produz uma arte bem elaborada, atualmente, só porque
o politicamente correto surgiu. A patrulha ainda não sabe, mas é
extremamente condicionada e inofensiva, enquanto se julga livre e combatente.