Pular para o conteúdo principal

O Brasil não é para principiantes


Negação, incapacidade de percepção, individualismo nocivo e consumo postado acima de nossas condições. Em meio a maior crise dos últimos séculos, a gente, enquanto país, não sai do chão. Temos muita infantilidade e nos comportamos como aquelas crianças que se vê, quando vamos ao mercado: o infante se jogando no chão, gritando, chorando, e a mãe ou o pai adulando e dizendo, “depois a gente compra”. Porém, em meio ao cenário, ainda temos a pandemia do Covid-19, um caso mundial.
Contudo, o Brasil se supera, negativamente, sempre que se torna necessário trabalhar com a realidade. A negação em relação a tudo que não é conveniente é um sinal clássico de imaturidade. Somos fanáticos em tudo. É o nosso partido, o nosso candidato, a nossa opinião. Arrisco a dizer, que somos vaidosos em excesso ao mesmo tempo em que temos a autoestima baixíssima e então nos negamos a toda e qualquer mudança. É como se a evolução e o crescimento pessoal tenham caráter de derrota e não de vitória.
Somos incapazes de perceber. Não conseguimos entender os fatos, pois como já disse no parágrafo anterior, somos infantis e não aceitamos frustração. A gente não quer o fato, porque temos nossa opinião. O nosso partido não rouba, o nosso candidato é o melhor e incorruptível, a nossa opinião é sempre a única lúcida. Agimos assim, por que não estamos acostumados a viver no plano real, pois enquanto brasileiros, temos apenas os nossos sonhos em mente. Estamos com a cabeça no passado, estamos com a cabeça no futuro, nunca estamos com a nossa cabeça no presente.
Não nos preocupamos com os outros. Passamos o tempo todo vendendo uma imagem que não é nossa. Não somos solidários na maioria. Vivemos focados em nós mesmos. Adoramos poder dizer o que temos para quem não tem o mesmo poder. É um sinal de superioridade que, hipocritamente, disfarçamos de inspiração ao outro. Aliás, solidariedade, autêntica, genuína e massiva, só na favela. E me desculpem a sinceridade.
Escrevi nas primeiras linhas deste texto sobre a criança que se joga no chão, chora e faz um escarcéu e a mãe ou o pai promete que depois vão comprar o que o infante quer. Lembre-se disso agora. Pois, não importa o nosso poder aquisitivo, compra-se tudo que não se pode comprar. Não temos maturidade para lidar com o que não podemos ter. O consumo excessivo criou uma sociedade superficial que não consegue ver-se com profundidade.
Sei que não esgoto tal assunto neste texto. Porém, creio que seja sábio trabalhar com a realidade. Tenho em mente que é inteligente apurar a percepção em seu todo. Confio que ser solidário não é marketing e é uma prática diária. Entendo que não é necessário comprar o que não se pode para achar-se superior. Então, por mais duro que possa ser, chegou o momento de sair do conforto. O Covid-19 é real. A crise econômica também. E a corrupção é escancarada em todos os sentidos. Mas, como não sou dono da verdade, quem quiser, pode se jogar no chão, chorar e espernear.

Postagens mais visitadas deste blog

Sabedoria alquímica

A alquimia não ensina como ganhar dinheiro. Ela oferece um saber muito maior, profundo, amplo, que apanha toda e qualquer situação da vida. É importante dizer, que tal sabedoria se manifesta no ato de cozinhar; ao instante de criar uma composição bacana e desenvolver um chá saboroso; ou mesmo no momento de cultivar uma planta etc. Como dito: é um aprendizado para toda hora que, além de nos trazer um maior grau de erudição, também, fortalece nossa inteligência emocional e nos livra de toda e qualquer dependência ou interferência exterior, porque nos ensina sobre o que é imprescindível e libertador . Um fato relevante, sob tal ótica, é saber que vivemos um momento em que a energia individual e coletiva está cada vez mais solidificada, pois, conforme a tecnologia avança, nos afastamos da natureza; da simplicidade; dos astros e de todo e qualquer conhecimento proveniente da poderosa inteligência natural , que antes de tudo, não é gananciosa. Tal fato ocorre porque ao tempo em que o m

A literatura e a estética de nossos demônios

Estou pensando aqui com meus botões. Ler é um ato de revolução do mesmo modo que escrever também é. Um completa o outro. A literatura dá luz ao que faz parte dos dramas humanos. Nenhuma inspiração pode ser maior do que a vida. Acho que em muitos casos a literatura soa intimidadora porque remexe nas entranhas de quem escreve e de quem lê igualmente. Aprendi com Dostoiévski que não precisamos enfrentar todos os nossos monstros de uma só vez. Porém, ler e escrever são hábitos que me cativam desde sempre e me fizeram mais forte. Mergulho nos textos e me sinto confortável enquanto penso em tais demônios. Vejo a estética que a literatura compartilha ao transformar vida em arte como sendo algo primordial para nosso crescimento pessoal e social. E numa hora destas também penso no velho Bukowski quando disse que a gente deve encontrar o que amamos e deixar que isso nos mate. Sei que a literatura me ganhou ainda jovem e me deu o mundo e a vida para conhecer. Agradeço por isto todos os dias. E qu

Uma prosa natural

O caminho é sempre longo. O broto se torna um galho quando lignifica. A planta adoece com facilidade quando a raiz é cortada. E a estaca não tem raiz quando feita. A folha renasce menor quando o galho é desfolhado. O tronco aumenta de tamanho quando os ramos crescem porque a raiz é forte. A muda de bonsai é uma árvore preparada para viver em uma bandeja. O pré-bonsai é uma muda com 5 anos de cultivo. O bonsai se torna harmonioso quando tem mais de 10 anos. O metabolismo da planta é controlado quando a raiz ocupa 80% da bandeja. As intervenções são anuais. A recuperação da árvore é de 1 ano. São necessárias 4 podas para selecionar os galhos. As plantas consomem apenas matéria orgânica em seu habitat. A inteligência natural não é capitalista. A vida é um ponto de equilíbrio construído naturalmente. Por isso temos de ter em mente que o cultivo de plantas está sob a regência da natureza. Existem muitas receitas para o mesmo fim. Prefiro o caminho mais natural possível porque busco [em minh