Quando a internet surgiu, todo mundo que queria publicar
aumentou suas chances de fazê-lo. Autores passaram a escrever com outros
autores em blogs e também em publicações independentes. Creio que a tecnologia
forneceu ótimas ferramentas para tanto. Hoje eu leio gente que conheci há mais
de uma década. Muitos me ajudaram a publicar e muitos outros dividiram
publicações comigo. Eu acho isso muito legal, porque gera a abertura do mercado
editorial. A literatura certamente é um aspecto que fomenta a cultura de um
país e o leva para frente. Percebe-se que o mercado como um todo está mais
aberto. Hoje, temos acesso a livro físico e e-book também.
A onda do momento é cooperar ao invés de competir. Os
resultados desta ótica refletem-se positivamente no mercado. Uma boa olhadela
pela internet revela muita gente escrevendo bem. E quando olho para trás, sinto
que muita coisa melhorou, embora este momento difícil pelo qual estamos
passando enquanto brasileiros. Tenho uma visão positiva, quanto ao futuro do
mercado editorial, porque conheci muita gente que se tornou editor, revisor,
autor, e independente de trabalharem em grandes editoras ou em pequenas, noto
que a união faz a força. E entendo que tudo que desejamos mudar leva certo
tempo para entrar nos eixos. O tempo não é perecível e está a favor do ser
humano.
De minha parte, creio que escrever é uma maneira de manter a
mente aberta e sadia. O que noto, a partir de meu ponto de vista: é que tudo na
vida é uma roda. E a roda é invencível. Ao tempo em que escrevo esta crônica,
penso em meu avô que me dizia que o tempo passa para que os novos cheguem mais
longe do que seus antepassados. Acho que tal ideia tem lógica também no mercado
editorial. Provavelmente é a lógica do mundo em todas as profissões. E todos os
ciclos são importantes para os indivíduos e para o todo. Fazer arte é uma
maneira de amar o próximo e o próprio país. É um desafio cotidiano.
Sendo bem honesto, vejo muita gente trabalhando pelo mercado
e sua evolução. Suando a camisa enquanto se concentra em algo positivo que
parte do individual para o coletivo. Gosto disso. Porque sinto em meu peito
que, tanto na arte quanto na vida, é preciso andar em bando. Confio que a
oportunidade de expressar-se em meio impresso e digital é a afirmação da arte
como um todo. O discurso que propagamos hoje através do acesso à tecnologia
transformou a nossa relação com a narrativa. Somos todos autores. E não tenho
dúvidas de que um dia colheremos muita sabedoria por conta desta abertura
tecnológica e editorial.
Acho que as pessoas precisam de amor e de oportunidades. Em
um futuro, não tão distante assim, teremos muito mais condições enquanto
mercado e enquanto nação. E todos que escreveram e que editaram; que revisaram
e que tomaram como objetivo de vida participar do mercado da arte poderão
sentir que pertencem a uma reformulação cultural de larga escala. Seremos mais
humanos, mais próximos, mais felizes e mais eruditos. Amaremos a escrita e a
leitura. E poderemos olhar para trás e termos a certeza de que fizemos parte de
algo que tem muito valor. Inspirar e ser inspirado, ajudar e ser ajudado, ler e
ser lido, penso que tais coisas levarão muitos de nós até uma rodada de cerveja
e um bom papo, cheio de boas recordações. E no mais, aquele abraço e uma boa
semana.