Ontem, pela manhã, encontrei um amigo
de longa data. Há muito tempo que não o via. Como sempre, mantivemos
distanciamento, conversamos ao ar-livre, usamos máscaras, enfim, sustentamos o
protocolo adequado em relação à pandemia. Ele me contava que andava batendo
cabeça por conta da postura das redes-sociais atreladas ao executivo Zuckerberg.
Enfim, meu objetivo não é massacrar o executivo ou seus usuários, apenas
abordar alguns pontos, sobre a conversa que tive com meu amigo oculto, que
prefere não ser identificado. Durante a nossa prosa, ficou claro que, tanto ele,
quanto eu: não entendemos como um executivo de ponta, como já ouvimos muita gente
chamando, tem tanto problema ou falta de escrúpulos com os dados alheios. A falta
de segurança em seus empreendimentos é assustadora. Ao mesmo tempo em que tudo
é moldado e cheio de etiquetas — leia-se cerimônias — o homem não consegue ter
cuidado com seus usuários, embora fale disso em muitos momentos e veículos de
comunicação. Chegamos à conclusão de que Zuckerberg pensa que é foda, mas é
troxa. Sim, é impossível que alguém, tão competente, possa ser tão bobo no
quesito segurança. Então eu disse ao meu amigo insatisfeito que procuro ser um
sujeito analógico por conta deste tipo de coisa. Depois que o pepino acontece,
como se diz, a bagunça é grande e colocar tudo em ordem toma tempo e estressa. Enfim,
ao final de nossa conversa, meu amigo insatisfeito comentou: “você, é que está
certo. Vou mudar meus hábitos e tornar-me alguém mais analógico. Prevenir é bem
melhor do que remediar”. No mais, fica a reflexão. E que cada um de nós faça o que achar melhor.
Saio para levar o lixo até o contêiner. O tempo está carregado e vem mais chuva e mais desgraça e isso está me atormentando. Tem um vento frio que se parece com o que sopra no inverno. Alguns pássaros cantam ao tempo em que motoristas afoitos buzinam e gesticulam uns para os outros sempre que dois ou três carros se encontram em uma esquina. Logo vejo dois cães que me cercam e começam a latir. São os mesmos de todos os dias. Agora, manter os próprios cachorros na rua como se estivessem em área privada é o novo normal. Aliás, não aguento mais essa teoria de o novo normal para tudo, como se o mundo houvesse virado de cabeça para baixo. Em pouco tempo escuto rosnadas, olho firme para um deles e digo em alto e bom som: se tu te bobear vou ter de te chamar na pedra. O cão pressente que existe algo de diabólico comigo e hesita. Largo o lixo para dentro do contêiner e em dois segundos tenho quatro pedras em minhas mãos. O canino, incrédulo, ainda me olha e eu olho para ele. Lá pelas tantas v...