O domingo foi louco. Os cachorros
latiam sem parar ao tempo em que motos voavam pela rua e zuniam em nossos
ouvidos. Fiz o melhor que pude para acalmar meus irmãos peludos; mas, como
disse: foi um dia louco e quando a tardinha chegou eu precisava de um bom
banho. A água quente aqueceu minha carcaça velha e tão logo sentei no sofá e
liguei a TV esbarrei no soldado Ryan. Fiquei me perguntando sobre o que se pode
dizer para uma mãe que perde todos os seus filhos em uma guerra? — enquanto assistia
ao grupo de soldados em busca de Ryan, o único filho ainda vivo, também me
perguntei — o que se pode dizer para uma mãe que perdeu um filho na guerra? A perseverança
leva o grupo de busca até o soldado Ryan e o encontra na cabeceira de uma
ponte. Ele e seus colegas de batalhão esperavam por reforços e além de pouco
armamento, também estavam com pouca munição. Quando Ryan é informado de que
todos os seus irmãos haviam morrido em combate e que as ordens eram para que
ele seguisse para casa, o mesmo se nega e pede ao capitão que avisasse sua mãe de
que ele ficaria para lutar junto dos únicos irmãos que lhe restaram. A partir
daí, eu me perguntei, por que ficar? A batalha desenrola e depois de muito
sacrifício e dificuldade, Ryan e alguns poucos homens conseguem sobreviver. Porém,
Ryan tem uma missão: merecer o sacrifício dos que morreram. Ao fim do filme, O
Resgate do Soldado Ryan, fiquei pensando em porquê o mundo é um lugar assim,
tão louco?
O serviço começou com o enterro do contato. Quem entregou o dinheiro nunca voltou para casa. E o atirador deu um cuspe em cima da terra que usou para cobrir o corpo. Quem pagou não falou com ele. E quem foi fichado em sua caderneta não sonhou de noite. Uma bala. A cabeça de um lado. E o corpo do outro. Como sempre!