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O “Uivo e outros poemas” de Allen Ginsberg

Allen Ginsberg é um poeta que rompeu com todos os valores sociais de sua época quando escreveu Uivo e outros poemas. Lembro do momento em que o li pela primeira vez. Posso dizer que fiquei boquiaberto. Tamanha sua habilidade e fúria ao escrever. Senti como se cada palavra ecoasse em meus ouvidos. Igual um sino gigantesco com capacidade de chamar atenção do mundo inteiro a partir do seu soar.

Enquanto poeta e agitador cultural, Ginsberg chocou a sociedade com suas narrativas e seu estilo de vida durante a década de 50. Não por nada é considerado um dos maiores expoentes da Literatura Beat. Movido a drogas e um modelo de escrita libertino no sentido semântico e também estilístico, tal autor não passou em branco pela opinião pública. Muitos conservadores o odiavam e muitos jovens inspiravam-se em suas obras e atitudes.

Tenho convicção de que o sentimento de aversão ao establishment que compunha a obra me cativou desde o início. E a ideia de pegar a estrada se fixou em minha mente ao tempo em que me envolvia com tal gênero literário. Creio que não seja exagero dizer que a sociedade é careta desde sempre e que quase todo mundo já pensou em viajar de mochila por aí.

Acho que a literatura feita pelo Ginsberg influenciou artistas, autores e leitores por todo mundo com um novo modo de escrever e viver. Musicalmente falando, o Jazz tornou-se o som ouvido por todos os jovens que se identificavam com o jeito beat de ser. E muitas obras instrumentais, cinematográficas e literárias ainda refletem tal influência. Aliás, é bom dizer que, muito se fala a respeito de tal poeta. Inclusive, que seus cabelos e barba compridos e camisas coloridas influenciaram o estilo dos hippies durante os anos 60.

Em meu modo de ver: a obra Uivo e outros poemas é uma composição literária que contrariou a sociedade-americana-pós-guerra como um todo. Penso que o poema Uivo traz em suas estrofes uma série de contestações políticas e sociais. E demonstra toda destruição e opressão individual causada pelo modus vivendi dos norte-americanos aos que não correspondiam a sua proposta de sociedade capitalista e conservadora.

Por fim, acredito que seja válido o senso estético que tal obra denota até os dias atuais. E entendo que ao falar especificamente a respeito do poema Uivo é relevante afirmar que em suas linhas reside um sentimento de afeição pelos loucos e deslocados sociais. Portanto, enquanto leitor e indivíduo, acho que o Ginsberg é uma leitura que todo mundo deve experimentar. E que o Jazz é um som que todo mundo pode curtir.

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