Pular para o conteúdo principal

Consumir ideias é algo poderoso

Quando falo em ideias estou me referindo aos saberes. E quando me refiro aos saberes estou falando de utilidade. Entretanto, tão logo falo de utilidades não estou me referindo ao curioso fato moderno em que se exprime a ideia de que a minha religião e a minha vida são o meu trabalho. Em meu jeito de pensar sou um pouco mais do que isto. Porém, tal constatação pode parecer confusa ao leitor em um primeiro momento. Contudo: o conceito de ideia que estou propondo diz respeito ao ato de pensar. Em meu modo de ver não se pode consumir ideias sem que apareça a necessidade de digerir o que se consumiu durante a leitura. E é claro que expor tudo que faço não compreende o campo das ideias porque tenho noção de que o meu pensar e o que isto promove é mais interessante do que minha vida em seus detalhes minimamente sórdidos ou mesmo felizes. Acho que estar longe de redes sociais favorece o pensar enquanto utilidade. Não quero dizer com isto tudo que sou um ser humano ultrapassado ou melhor e muito menos dono da verdade. Mas, quero dizer que o tempo é precioso e que a minha intimidade também é. Porém, em minha maneira filosófica de ver o tempo, a vida e as ideias, creio que não contribuirei com o mundo expondo algo fora do campo das ideias porque as ideias servem a todos, enquanto que o sabor do café que tomo ou qualquer outra intimidade nada proporciona de útil para a sociedade atual a não ser que seja utilizado como elemento textual para um determinado enredo. Portanto, consumir ideias é algo poderoso em minha ótica. Todavia, também entendo que interesses individuais são uma amostra de um todo, embora as exceções mostrem-se mais atraentes para um grupo que prefere pensar e discorrer sobre o que consumiu. E por isso, vejo a reflexão como um ato de rebeldia e uma maneira excelente para manter-me distante de um ócio que não é criativo e tampouco utilitário. Acho que a expressão babando no celular não tem nada a ver com a leitura que abastece a mente de um ser pensante. Por fim, creio que sentir-se confortável ao replicar um comportamento sugerido não seja um sinal de inteligência emocional. Assim sendo, entendo que ler um tanto de Dostoiévski pode salvar qualquer um, ao menos em minha maneira de pensar a vida.

Postagens mais visitadas deste blog

Acordo todo dia no mesmo mundo cão

Saio para levar o lixo até o contêiner. O tempo está carregado e vem mais chuva e mais desgraça e isso está me atormentando. Tem um vento frio que se parece com o que sopra no inverno. Alguns pássaros cantam ao tempo em que motoristas afoitos buzinam e gesticulam uns para os outros sempre que dois ou três carros se encontram em uma esquina. Logo vejo dois cães que me cercam e começam a latir. São os mesmos de todos os dias. Agora, manter os próprios cachorros na rua como se estivessem em área privada é o novo normal. Aliás, não aguento mais essa teoria de o novo normal para tudo, como se o mundo houvesse virado de cabeça para baixo. Em pouco tempo escuto rosnadas, olho firme para um deles e digo em alto e bom som: se tu te bobear vou ter de te chamar na pedra. O cão pressente que existe algo de diabólico comigo e hesita. Largo o lixo para dentro do contêiner e em dois segundos tenho quatro pedras em minhas mãos. O canino, incrédulo, ainda me olha e eu olho para ele. Lá pelas tantas v...
"Se não mudamos as nossas atitudes não podemos mudar o que acontece."

A arte me parece um jeito de resistir ao lado do conhecimento

Ler como quem procura janelas abertas para arejar o ambiente mental e físico. Creio que a filosofia da busca pelo equilíbrio enobrece as anotações. Vejo as plantas crescendo. A madeira sendo coberta pelo traço do pirógrafo e a tinta. A lenha queima na lareira ao tempo em que a rocha torna-se um baluarte encantador e próspero. É como se o segredo pudesse preservar o futuro e o sossego.