Chamar atenção é a cultura do momento. Muita gente se perde enquanto tenta angariar popularidade. Antigamente, costumava escrever histórias em canais de comunicação em que o texto e a reflexão não eram a prioridade. Levei um certo tempo para alcançar que estava deslocado e aceitar que frequentava o espaço errado. E durante muitos dias de minha vida fiquei sem entender algumas reações em minha volta. Embora formado em comunicação social sempre achei que os textos e os contextos eram autoexplicativos. Porém, me enganei. E quando me dei conta disso comecei a pensar em todos os dados que tinha enquanto editor de livros. Lá pelas tantas tive de dar o braço a torcer e entendi que não temos 5% de pessoas capazes de identificar o que é ficção e o que é realidade. Claro que um país que lê tão pouco não está preparado para debater e entender muita coisa. Contudo, a partir do momento em que parti para publicações manuais e passei a veicular minhas obras no meu tapetão de andarilho tudo mudou. Fiquei pensando sobre os dados e a internet. Cheguei ao entendimento de que necessitava. E lembrei de um professor que tive e que um dia disse durante uma aula de marketing: “não tentem vender um guarda-chuva em dia de sol através do bom senso, porque a maioria não tem capacidade para estabelecer uma relação entre os fatos”. Enfim, aceitei o consenso da maioria: “quem quiser que me acompanhe”, um jargão tão comum que não se pode compreendê-lo sem se lamentar e procurar um novo caminho. Acho que a busca por popularidade levou muitos a montarem a própria house. Um projeto tão comum que se parece com alguém brincando de roleta-russa e que não sente vontade de morrer — com o perdão da metáfora. E talvez seja por isso que exista tão poucos tapetes pelas ruas. Creio que a liberdade e o conhecimento assusta mais gente do que a servidão. Não é por nada que oferecer uma arena era mais importante do que pão na visão dos romanos.
Ando em dois mundos e agora estou distante da mata mais verde que já vi O vento castiga minha face e afaga um varal colorido que tremula Sinto que minha alma revive O cheiro do monóxido de carbono carimba meu pulmão E um pássaro canta no alto de uma árvore Contudo, sem asas, porém, também divino, um mano desconhecido corre o olho pelo trampo Sei que a calçada me abriga desde muito jovem Seja palavra Seja tinta Seja madeira Seja ferro, fogo ou brasa O que mais importa é ser Ser como se nasceu Honesto consigo e o mundo em nossa volta E ao tempo em que me sirvo da situação e anoto, estou em paz comigo mesmo Estou livre Estou participando da mudança Estou em casa Estou na rua Estou esparramando um tanto do que brota em meu coração E olhando o varal e coringando o pano, sei que ando em dois mundos Com os mesmos pés O mesmo espírito A mesma alma E a mesma satisfação de ser