O sol era tão quente que eu me
sentia dentro de uma panela de pressão e tinha a exata sensação de que o calor
cozinhava os meus miolos e o meu corpo por inteiro. Os meus lábios
recebiam pequenas doses de sal, todas arrastadas pelo suor que descia da minha
testa e isso aumentava consideravelmente a minha sede. A estrada cobrava o seu
preço e a cada passo que dava, sentia como se os músculos das minhas pernas se
contraíssem iguais a hienas lutando umas contra as outras. E embora ainda
houvesse 3 km de caminhada eu já avistava o meu destino ao longe por conta da
elevação do terreno. Foi quando decidi sentar embaixo de uma laranjeira nativa
que ficava ao pé da nascente para descansar um pouco e pensar. E tão logo bebi
o primeiro gole de água o meu cérebro passou a recuperar as minhas sinapses.
Era um lugar isolado e cheio de vida em que os pássaros cantavam e um grande
número de plantas se esparramava por um longo perímetro. Eu tinha de pensar se
valeria a pena o desgaste de continuar a caminhada ou se deveria acampar e
descansar até o dia seguinte. Olhei ao redor e senti que a minha mochila
parecia mais pesada que o normal e nesse momento eu tive a mais absoluta
certeza de que a decisão mais certa era esticar a minha lona e o meu corpo.
Estendi uma corda usando duas varetas, coloquei uma lona sobre ela e outra sobre a
grama. Deitei-me de maneira em que pudesse avistar o horizonte e naquele
instante me peguei a ver como a vida na lona era a única resposta pela qual
procurei durante toda uma vida.
O artista que expõe seu trampo na rua tem um retorno enorme. Nos últimos 90 dias fiz um estudo no qual comparei a resposta que tive empregando esforço na internet com o que consegui expondo nas praças. A ideia de fazer tal pesquisa surgiu a partir de um papo com colegas e amigos – um debate muito antigo, recorrente e maçante. Inclusive, me comprometi de apresentar dados e tenho fotos para comprovar minhas constatações. Então, esta semana, cheguei ao veredito. E é claro que o retorno da rua superou o que fora realizado através de postagens. Principalmente quando se compara a medida de esforço para realizar cada um deles em relação ao engajamento, palavra da moda. E, conforme combinado, ontem, concretizei minha despedida on-line. Este era o trato. Se a internet superasse a rua, assumi o compromisso de cessar com o mangueio e vice-versa. É importante registrar, que me propus a realizar tal trabalho porque queria saber outro dado: qual é a disposição do artista para sair a campo com se