Vivemos um
período funesto. E uso tal palavra porque é como sinto o nosso presente. Concordo
que, no mundo, existem dois tipos de ideias: as inclusivas e as exclusivas. A primeira,
benéfica, a segunda, nociva. Contudo, não se pode fazer nada de bom em cima de
uma sociedade que não tem discernimento. É como se a gente jogasse futebol o
tempo todo. Sendo que o time que ganha, também perde.
Joga-se fora a
saliva e a própria sanidade, tentando debater qualquer assunto que seja. Não compreendemos
nossas demandas como causas totais e, sim, como pessoais. Como se um indivíduo
pudesse estar bem, sem que os demais estejam. E isso nos joga na prensa e nos
fantasia de engrenagem que mói a carne e depois na própria carne moída em um
breve intervalo de tempo.
Temos um grave
problema intelectual em nosso seio social. Não juntamos as informações que
recebemos. Não interpretamos o mundo. Somos como que um animalzinho recém-saído
da caverna com um celular em mãos que resume tudo em argumentos simplórios com
base apenas em um discurso individualista e inapropriado.
A rede-social é
um pavor, um microfone aberto ao absurdo. Não se pode falar sobre nada. Entre o
condicionamento exacerbado em nome do faturamento a qualquer custo e o comportamento
retrógrado e violento com base em nosso umbigo, não sobra nada. É impressionante.
Em nosso país,
as bibliotecas sempre estiveram vazias. Porém, o mercado editorial canta
vitória o tempo inteiro e anuncia vendas a cada dia mais astronômicas. Contudo,
não se vê tal reflexo no cotidiano. O que se encontra, sim, é uma placa de “vende-se”
ou de “aluga-se” na fachada de boa parte das editoras. E mesmo as
grandes editoras, recorrem a fusões como alternativa para evitar a falência. Em
longo prazo: é apenas uma medida paliativa para a maioria delas.
O nosso país,
gosta de fanfarrar. A nossa nação não se importa em dormir com Rivrotril e
acordar com Prozac. Preferimos a chapa e o conforto de nossa ignorância, que a
mudança de comportamento. Somos uma
geração que pensa que peida perfume de flores e caga bombons, enquanto
defecamos pela boca. Queremos uma regeneração da boca para fora, sempre sobre o outro. O nosso comportamento é excludente.
Agimos como ratos que estão cerrando os próprios dentes diante de nosso
queijo. Só que um rato imbecil e egoísta, chapado, sem dentes e sem queijo
algum. O que temos, é apenas a alucinação comprada na farmácia e a inabilidade
de ler e compreender a bula. Somos ratos polarizados à nossa ignorância. E esse
é o saldo que temos.