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O mal do século XXI

Nos últimos meses, tenho passado por apuros, como se diz. Nunca em minha vida pensei que um vazamento de dados ou uma invasão de conta pudesse me trazer tantos problemas. Porém, como sempre digo, a vida chegou e me mostrou o quão alta pode ser uma dor de cabeça como esta. Perdemos contatos, perdemos amigos, perdemos trabalho, perdemos muita coisa. E a única coisa que não se pode perder em um momento como este: é a calma. Sim, porque perder a calma não adianta de nada.
E este tipo de problema, embora seja de cunho tecnológico, diz respeito ao ser humano e seu modo de ser, sua mente, seu coração, seus objetivos. Na internet, não se tem mais privacidade e também não se tem muito controle sobre o que acontece nela e menos ainda sobre os nossos dados. É óbvio que nossos dados serão usados de “n” maneiras, afinal de contas, não se pode ser inocente e pensar que não seriam, até por que, o mundo é feito de dinheiro, de transações, de marketing virtual. Até aí, tudo bem, mas o que você faz quando está com um problema destes e fica à mercê de um protocolo para safar-se de tal problema e não é atendido, com sucesso, por quem poderia ou deveria te ajudar neste tipo de situação? Só tem um jeito, excluir a conta, formatar o PC e começar uma vida nova. Perder em dobro – perder tudo –, e enfrentar um longo caminho para que as pessoas entendam o que houve. Acho que, a falta de segurança na internet: é o mal do século XXI. E mesmo que tenhamos recursos para configurações e programas que possam nos proteger, nem sempre temos condições de vencer certas situações. Mas, sempre tiramos lições importantes de ocasiões horríveis como esta.
E, nos últimos tempos, tive a oportunidade de aprender, aprender muito. Aprendi que não devo acessar conta alguma fora de casa e que devo ter a máxima atenção sempre que precisar me logar. Aprendi que não devo aceitar amizades de outros países. Aprendi que não tenho como saber quem é um robô e quem não é. Aprendi que não tenho como saber o que cada um carrega dentro de seu coração. Aprendi que não tenho como saber, quais são os objetivos de quem me rodeia. Aprendi, também, que nossas amizades são muito mais líquidas do que pensamos. Aprendi que a mata é um mundo que sei ler muito bem, mas que fora dela, sou inocente demais para lidar com tanta malandragem, com tanta pilantragem. E, principalmente, aprendi que devo ser uma pessoa menos aberta. Aprendi que devo ser uma pessoa que nunca abre a guarda. Estou aprendendo a me proteger. E o que mais espero, é que depois de uma encrenca deste tamanho, como é um vazamento de dados ou mesmo uma invasão de conta, independente de como aconteceu, é que, finalmente, tenha aprendido a lidar muito melhor com robôs, com internet, com tantos botões, mas principalmente, com pessoas e sistemas que não conheço de verdade.
E, por fim, depois de tantos dias, envolvido em um desgaste como este, ao menos, me sinto bem, pois, tenho a mais absoluta certeza de que desta vez, consegui higienizar todo o meu sistema operacional. Enfim, estou cansado, estou aliviado, mas, também, estou muito mais forte, e muito bem blindado para o futuro que me aguarda. Eu, a partir de hoje, ficarei bem longe de uma certa rede-social, afinal de contas, ela é muito diferente da mata.

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