Pular para o conteúdo principal

Espiritualidade e matéria

Exercer a espiritualidade em nosso cotidiano é um desafio. E observar com atenção o ambiente que nos rodeia tem muita relação com tal tarefa, assim como o ato de ouvir e refletir. Ao menos, é como compreendo. Não que eu pense que seja iluminado o suficiente para falar a respeito de espiritualidade enquanto exemplo. Nada disso. Acredito que tenho um longo caminho pela frente.
Passei por dias difíceis nos últimos tempos. Aos poucos, fui perdendo a esperança no mundo. Por certo que me sentia espiritualmente doente e a partir de tal momento faltou-me força e saúde para exercer a espiritualidade com uma boa dose de bondade. Sei que tenho infinitas culpas. E acho que quando não estamos satisfeitos precisamos ter a coragem de fazer um inventário de nossa vida. E nesse instante carecemos de ter uma boa dose de sinceridade com a gente, em primeiro lugar.
O fato é: que passar muito tempo exposto a um cotidiano negativo acaba por minar a nossa energia. Começamos a baixar a nossa vibração sem percebermos e nos tornamos aquilo que nos incomoda. É tênue, compreender que podemos gerar sentimentos bons e ruins a partir do que nos cerca e devagar nos invade, assim, um pouquinho por dia, tal qual a sombra e a luz.
E em meio a estas duas variáveis, é necessário que nossos ouvidos estejam cheios de palavras boas. Que o nosso cotidiano conte com ao menos um pingo de bom-senso e espiritualidade na forma de generosidade e empatia na prática da educação silenciosa. E, por fim, é imprescindível reaver a coragem de fechar algumas portas para alguns ambientes, ideologias e pessoas nocivas. É uma forma de preservar a própria integridade e, principalmente, prevenir nosso envolvimento em assuntos de pauta mesquinha.
Enquanto humano, tenho a tarefa de revolucionar meu ser como medida de prosperidade global, para além de minha porta ou janela. Salvar a si mesmo é um bom modo de contribuir com o todo, se formos justos para além de nosso ser como esperamos a justiça para conosco. Penso que, mais do que nunca, vivemos um tempo no qual não podemos negar a supervalorização do ter sobre o ser. Um momento em que carecemos de vozes em coro do bem-estar de todos e não de uma supremacia recheada de imposição. Obviamente, não é bom carregar um coração sisudo em culto ao poder. Mas, é preciso alertar-se para a nossa caminhada. Ela é só nossa. Embora, inevitavelmente, não se possa ter a ideia de caminhar para a luz, ao curso de quem persegue a escuridão. Afinal, todo o resto é uma questão de estudo e exercício cotidiano.

Postagens mais visitadas deste blog

Território fértil e livre

O artista que expõe seu trampo na rua tem um retorno enorme. Nos últimos 90 dias fiz um estudo no qual comparei a resposta que tive empregando esforço na internet com o que consegui expondo nas praças. A ideia de fazer tal pesquisa surgiu a partir de um papo com colegas e amigos – um debate muito antigo, recorrente e maçante. Inclusive, me comprometi de apresentar dados e tenho fotos para comprovar minhas constatações. Então, esta semana, cheguei ao veredito. E é claro que o retorno da rua superou o que fora realizado através de postagens. Principalmente quando se compara a medida de esforço para realizar cada um deles em relação ao engajamento, palavra da moda. E, conforme combinado, ontem, concretizei minha despedida on-line. Este era o trato. Se a internet superasse a rua, assumi o compromisso de cessar com o mangueio e vice-versa. É importante registrar, que me propus a realizar tal trabalho porque queria saber outro dado: qual é a disposição do artista para sair a campo com se

Acordo todo dia no mesmo mundo cão

Saio para levar o lixo até o contêiner. O tempo está carregado e vem mais chuva e mais desgraça e isso está me atormentando. Tem um vento frio que se parece com o que sopra no inverno. Alguns pássaros cantam ao tempo em que motoristas afoitos buzinam e gesticulam uns para os outros sempre que dois ou três carros se encontram em uma esquina. Logo vejo dois cães que me cercam e começam a latir. São os mesmos de todos os dias. Agora, manter os próprios cachorros na rua como se estivessem em área privada é o novo normal. Aliás, não aguento mais essa teoria de o novo normal para tudo, como se o mundo houvesse virado de cabeça para baixo. Em pouco tempo escuto rosnadas, olho firme para um deles e digo em alto e bom som: se tu te bobear vou ter de te chamar na pedra. O cão pressente que existe algo de diabólico comigo e hesita. Largo o lixo para dentro do contêiner e em dois segundos tenho quatro pedras em minhas mãos. O canino, incrédulo, ainda me olha e eu olho para ele. Lá pelas tantas v

Existe um desespero evidente

Chamar atenção é a cultura do momento. Muita gente se perde enquanto tenta angariar popularidade. Antigamente, costumava escrever histórias em canais de comunicação em que o texto e a reflexão não eram a prioridade. Levei um certo tempo para alcançar que estava deslocado e aceitar que frequentava o espaço errado. E durante muitos dias de minha vida fiquei sem entender algumas reações em minha volta. Embora formado em comunicação social sempre achei que os textos e os contextos eram autoexplicativos. Porém, me enganei. E quando me dei conta disso comecei a pensar em todos os dados que tinha enquanto editor de livros. Lá pelas tantas tive de dar o braço a torcer e entendi que não temos 5% de pessoas capazes de identificar o que é ficção e o que é realidade. Claro que um país que lê tão pouco não está preparado para debater e entender muita coisa. Contudo, a partir do momento em que parti para publicações manuais e passei a veicular minhas obras no meu tapetão de andarilho tudo mudou. Fiq