Exercer a espiritualidade em nosso
cotidiano é um desafio. E observar com atenção o ambiente que nos rodeia tem
muita relação com tal tarefa, assim como o ato de ouvir e refletir. Ao menos, é
como compreendo. Não que eu pense que seja iluminado o suficiente para falar a
respeito de espiritualidade enquanto exemplo. Nada disso. Acredito que tenho um
longo caminho pela frente.
Passei por dias difíceis nos últimos
tempos. Aos poucos, fui perdendo a esperança no mundo. Por certo que me sentia
espiritualmente doente e a partir de tal momento faltou-me força e saúde para
exercer a espiritualidade com uma boa dose de bondade. Sei que tenho infinitas
culpas. E acho que quando não estamos satisfeitos precisamos ter a coragem de
fazer um inventário de nossa vida. E nesse instante carecemos de ter uma boa
dose de sinceridade com a gente, em primeiro lugar.
O fato é: que passar muito tempo
exposto a um cotidiano negativo acaba por minar a nossa energia. Começamos a
baixar a nossa vibração sem percebermos e nos tornamos aquilo que nos incomoda.
É tênue, compreender que podemos gerar sentimentos bons e ruins a partir do que
nos cerca e devagar nos invade, assim, um pouquinho por dia, tal qual a sombra
e a luz.
E em meio a estas duas variáveis, é
necessário que nossos ouvidos estejam cheios de palavras boas. Que o nosso
cotidiano conte com ao menos um pingo de bom-senso e espiritualidade na forma
de generosidade e empatia na prática da educação silenciosa. E, por fim, é
imprescindível reaver a coragem de fechar algumas portas para alguns ambientes,
ideologias e pessoas nocivas. É uma forma de preservar a própria integridade e,
principalmente, prevenir nosso envolvimento em assuntos de pauta mesquinha.
Enquanto humano, tenho a tarefa de
revolucionar meu ser como medida de prosperidade global, para além de minha
porta ou janela. Salvar a si mesmo é um bom modo de contribuir com o todo, se
formos justos para além de nosso ser como esperamos a justiça para conosco. Penso
que, mais do que nunca, vivemos um tempo no qual não podemos negar a
supervalorização do ter sobre o ser. Um momento em que carecemos de vozes em
coro do bem-estar de todos e não de uma supremacia recheada de imposição. Obviamente,
não é bom carregar um coração sisudo em culto ao poder. Mas, é preciso
alertar-se para a nossa caminhada. Ela é só nossa. Embora, inevitavelmente, não
se possa ter a ideia de caminhar para a luz, ao curso de quem persegue a
escuridão. Afinal, todo o resto é uma questão de estudo e exercício cotidiano.