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Poesia no acostamento

chuva fina na lona
e um tanto
a mais
de milha no bolso

o Bob não acreditava
mas a cerração congelava o seu capuz
ao subir da serra
e a estrada imitava uma serpente

ele nunca vira
um fogo feito
com bosta de boi

e na hora da janta
a turma era de vinte

a vida é fácil
a vida é dura

então
me diga
garoto
você dormiria sossegado
com a sua cabeça
colada na faixa?

você tem medo?
você tem um amor?
você tem o que ganhar?
você tem o que perder?
você tem o que compartilhar?

então
me diga
garoto
você dormiria sossegado
com a sua cabeça
colada na faixa?

sabe
existem muitos lugares
para morrer
quando se está ao volante
mas
me diga
garoto
você já colou a sua testa na linha amarela
e dormiu assim
despreocupadamente
sem medrar ou rezar
apostando tudo
na sorte
e no fim?

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Estou em paz

Ando em dois mundos e agora estou distante da mata mais verde que já vi O vento castiga minha face e afaga um varal colorido que tremula Sinto que minha alma revive O cheiro do monóxido de carbono carimba meu pulmão E um pássaro canta no alto de uma árvore Contudo, sem asas, porém, também divino, um mano desconhecido corre o olho pelo trampo Sei que a calçada me abriga desde muito jovem Seja palavra Seja tinta Seja madeira Seja ferro, fogo ou brasa O que mais importa é ser Ser como se nasceu Honesto consigo e o mundo em nossa volta E ao tempo em que me sirvo da situação e anoto, estou em paz comigo mesmo Estou livre Estou participando da mudança Estou em casa Estou na rua Estou esparramando um tanto do que brota em meu coração E olhando o varal e coringando o pano, sei que ando em dois mundos Com os mesmos pés O mesmo espírito A mesma alma E a mesma satisfação de ser

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