Chegou o momento de encarar a
realidade. União pressupõe pautas definidas. Não muitas. É preciso uma
organização real. Ela tem de surgir de maneira viva. Tem de ser exercida
através do Biopoder. Vivemos o tempo da Biopolítica. E a tática precisa ser de
guerrilha. Não adianta ver filmes de combate à ditadura e se emocionar. Nem é
relevante olhar fotos da época sem compreender que havia um combate corpo a
corpo. Este duelo tem de existir no campo das ideias. Precisa acontecer junto
ao militante bolsonarista, quando ele comenta, quando ele posta, quando ele vai
para a rua. Um olhando nas fuças do outro. Portanto, o comportamento precisa
ser de matilha. Mas, para tanto, é preciso um líder que tenha um posicionamento
claro e que saiba fazer Biopolítica. Não dá para exercer Biopoder, com medo
de confronto.
Saio para levar o lixo até o contêiner. O tempo está carregado e vem mais chuva e mais desgraça e isso está me atormentando. Tem um vento frio que se parece com o que sopra no inverno. Alguns pássaros cantam ao tempo em que motoristas afoitos buzinam e gesticulam uns para os outros sempre que dois ou três carros se encontram em uma esquina. Logo vejo dois cães que me cercam e começam a latir. São os mesmos de todos os dias. Agora, manter os próprios cachorros na rua como se estivessem em área privada é o novo normal. Aliás, não aguento mais essa teoria de o novo normal para tudo, como se o mundo houvesse virado de cabeça para baixo. Em pouco tempo escuto rosnadas, olho firme para um deles e digo em alto e bom som: se tu te bobear vou ter de te chamar na pedra. O cão pressente que existe algo de diabólico comigo e hesita. Largo o lixo para dentro do contêiner e em dois segundos tenho quatro pedras em minhas mãos. O canino, incrédulo, ainda me olha e eu olho para ele. Lá pelas tantas v...