Desde que me conheço por gente, vivi como quem
sabia da imposição de entrar em uma caixa, a partir do momento em que olhava o
cenário desta sociedade competitiva e decodificava a necessidade de escolher. As
caixas tinham e ainda têm um papel de molde. Sabe estes moldes, que são feitos de
areia em grandes indústrias para receberem o magma e dar forma a uma linha
específica de peças? Pois é. É sobre o que estou falando.
Pois muito bem, como é que vamos falar de
diversidade, limitando os moldes? Infelizmente, o indivíduo tem o valor de uma
peça e não de cidadão. O dia tem 24 horas. O tempo é limitador quando se fala
em aumentar a produção e o lucro independente do molde. E o que aflige a sociedade
é que chega um momento em que o conceito de viver melhor atinge o pico da
produtividade e da receita e não tem um molde amplo para as necessidades
individuais. E por qual motivo isso acontece? Por que se a remuneração se
tornar justa, em relação à hora, a sociedade sufoca quem manda e liberta quem tinha
o valor de uma peça. Ou seja, agrega poder ao indivíduo. Sob esta variável, o
viver melhor enforca o capitalismo e as pessoas. Por fim, chegou o momento em
que o sistema se torna suicida. É como cantou Raulzito: eles já são carrascos e
vítimas do próprio mecanismo que criaram. O sistema quer a deterioração para
reconstruir-se. Ele vislumbra o conceito de terra arrasada. Só isso, pois em
nenhum momento, imagina-se a possibilidade de viver bem, ao invés de viver
melhor.
Portanto, nego-me a entrar em uma caixa. E compreendo
que posso manter-me fora delas. Assim como entendo, que cada um pode entrar na
caixa que achar melhor e cumprir com sua finalidade. Antes, queria mudar a
fábrica e sua linha de montagem, hoje, anseio em não caber dentro de nenhum
molde. Porém, para escolher, coloco-me à margem do sistema e deixo de interessar
para toda e qualquer fábrica. Eu mudei para dentro de um mundo à parte e concepção circular, que marca o
tempo e me coloca como quem vive bem, para que meu dia seja melhor.