Quando o Dick foi trancado naquele
quarto, conseguíamos ouvir seus gritos. Ninguém podia fazer nada por ele. O sequestrador
carregava uma marreta em suas mãos. Não sabíamos ao certo o que acontecia. O fato
é que estamos presos aqui há dias. Acho que é uma fábrica abandonada. Somos quatro
pessoas e todos estamos baleados em uma de nossas pernas. Não temos noção de
quanto tempo ficaremos vivos. Tento ajudar aos demais, mas não sei como. Já não
tenho mais esperanças em voltar para casa e ver minha família. Então escrevo
esta carta de despedida, talvez, a polícia ou alguém descubra o nosso paradeiro
um dia e compreenda o que aconteceu com a gente.
O serviço começou com o enterro do contato. Quem entregou o dinheiro nunca voltou para casa. E o atirador deu um cuspe em cima da terra que usou para cobrir o corpo. Quem pagou não falou com ele. E quem foi fichado em sua caderneta não sonhou de noite. Uma bala. A cabeça de um lado. E o corpo do outro. Como sempre!