O paradigma do mundo é escrever como
alguém inofensivo ao sistema. E desde que fomos invadidos pelos habitantes do
planeta 08, a nossa situação é complicada e temerária. Nós, os escribas,
estamos sob constante censura. É preciso ter muito cuidado no momento de
redigir um livro ou qualquer tipo de notícia que seja. O Jornal Interestelar
fora fechado. A Biblioteca Espacial fora queimada. Estamos sob forte coerção e
esperamos que alguém receba esta mensagem e encaminhe socorro. Desde já,
agradecemos a todos pelos esforços.
Ando em dois mundos e agora estou distante da mata mais verde que já vi O vento castiga minha face e afaga um varal colorido que tremula Sinto que minha alma revive O cheiro do monóxido de carbono carimba meu pulmão E um pássaro canta no alto de uma árvore Contudo, sem asas, porém, também divino, um mano desconhecido corre o olho pelo trampo Sei que a calçada me abriga desde muito jovem Seja palavra Seja tinta Seja madeira Seja ferro, fogo ou brasa O que mais importa é ser Ser como se nasceu Honesto consigo e o mundo em nossa volta E ao tempo em que me sirvo da situação e anoto, estou em paz comigo mesmo Estou livre Estou participando da mudança Estou em casa Estou na rua Estou esparramando um tanto do que brota em meu coração E olhando o varal e coringando o pano, sei que ando em dois mundos Com os mesmos pés O mesmo espírito A mesma alma E a mesma satisfação de ser