com muito custo, sosseguei o peito e passei
meu tempo lendo e relendo. anotando e refazendo. ponderei e senti. blindei
minha carne e meu shi. e só então escolhi. tomei direção e caminho. não contei
minha jornada, nem chamei gente para me seguir. não salvo e não condeno. não
sou profeta. não sou psicanalista. eu quero mesmo: é ser alquimista. e como eremita,
ouço suas vistas e me calo. eu não me abalo. não comparo e não debato. sim, eu
nunca fiz um homem de barro. não sou tolo e nem sábio. sou pio e sabiá, aqui e
acolá. sou vento. e sou vivendo. sou momento. sou paz e clarão.
Ando em dois mundos e agora estou distante da mata mais verde que já vi O vento castiga minha face e afaga um varal colorido que tremula Sinto que minha alma revive O cheiro do monóxido de carbono carimba meu pulmão E um pássaro canta no alto de uma árvore Contudo, sem asas, porém, também divino, um mano desconhecido corre o olho pelo trampo Sei que a calçada me abriga desde muito jovem Seja palavra Seja tinta Seja madeira Seja ferro, fogo ou brasa O que mais importa é ser Ser como se nasceu Honesto consigo e o mundo em nossa volta E ao tempo em que me sirvo da situação e anoto, estou em paz comigo mesmo Estou livre Estou participando da mudança Estou em casa Estou na rua Estou esparramando um tanto do que brota em meu coração E olhando o varal e coringando o pano, sei que ando em dois mundos Com os mesmos pés O mesmo espírito A mesma alma E a mesma satisfação de ser