com muito custo, sosseguei o peito e passei
meu tempo lendo e relendo. anotando e refazendo. ponderei e senti. blindei
minha carne e meu shi. e só então escolhi. tomei direção e caminho. não contei
minha jornada, nem chamei gente para me seguir. não salvo e não condeno. não
sou profeta. não sou psicanalista. eu quero mesmo: é ser alquimista. e como eremita,
ouço suas vistas e me calo. eu não me abalo. não comparo e não debato. sim, eu
nunca fiz um homem de barro. não sou tolo e nem sábio. sou pio e sabiá, aqui e
acolá. sou vento. e sou vivendo. sou momento. sou paz e clarão.
Saio para levar o lixo até o contêiner. O tempo está carregado e vem mais chuva e mais desgraça e isso está me atormentando. Tem um vento frio que se parece com o que sopra no inverno. Alguns pássaros cantam ao tempo em que motoristas afoitos buzinam e gesticulam uns para os outros sempre que dois ou três carros se encontram em uma esquina. Logo vejo dois cães que me cercam e começam a latir. São os mesmos de todos os dias. Agora, manter os próprios cachorros na rua como se estivessem em área privada é o novo normal. Aliás, não aguento mais essa teoria de o novo normal para tudo, como se o mundo houvesse virado de cabeça para baixo. Em pouco tempo escuto rosnadas, olho firme para um deles e digo em alto e bom som: se tu te bobear vou ter de te chamar na pedra. O cão pressente que existe algo de diabólico comigo e hesita. Largo o lixo para dentro do contêiner e em dois segundos tenho quatro pedras em minhas mãos. O canino, incrédulo, ainda me olha e eu olho para ele. Lá pelas tantas v...