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Um dia de calmaria

Há tempo que não tinha uma tarde assim. Não ouço barulho algum. Sinto como se o silêncio houvesse tomado conta de tudo e todos. Nem mesmo os pássaros cantam. O sol está tímido. O vento também não ressoa. Não sei o que pensar a respeito deste momento. Não sei ao certo qual é a razão para um dia tão pacífico. Será um dia de tristeza? Um dia de preguiça? Talvez, um dia de reflexão coletiva? Não sei. Realmente não sei. O fato é que estou escrevendo um pouco. Aproveitando este instante para calejar a ponta de meus dedos. Sinto conforto em meu coração. Minha alma está regenerada. É como se alcançasse um estado de equilíbrio muito próximo do nirvana. Tenho tentado viver com esperança e sabedoria. Aos poucos fui conseguindo lidar com o caos em minha volta. E, hoje, percebo este silêncio como parte de minha caminhada. E, particularmente falando, o interpreto como sendo a colheita de um plantio árduo que venho fazendo. Sinto que, aos poucos, estou salvando-me da loucura, da dor, do aborrecimento e de todas as mazelas que um mundo doido, como este, possa colocar sobre os ombros de uma pessoa. Sinto-me completo. Sereno. E pronto para viver feliz pelo resto de meus dias.


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O artista que expõe seu trampo na rua tem um retorno enorme. Nos últimos 90 dias fiz um estudo no qual comparei a resposta que tive empregando esforço na internet com o que consegui expondo nas praças. A ideia de fazer tal pesquisa surgiu a partir de um papo com colegas e amigos – um debate muito antigo, recorrente e maçante. Inclusive, me comprometi de apresentar dados e tenho fotos para comprovar minhas constatações. Então, esta semana, cheguei ao veredito. E é claro que o retorno da rua superou o que fora realizado através de postagens. Principalmente quando se compara a medida de esforço para realizar cada um deles em relação ao engajamento, palavra da moda. E, conforme combinado, ontem, concretizei minha despedida on-line. Este era o trato. Se a internet superasse a rua, assumi o compromisso de cessar com o mangueio e vice-versa. É importante registrar, que me propus a realizar tal trabalho porque queria saber outro dado: qual é a disposição do artista para sair a campo com se

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Saio para levar o lixo até o contêiner. O tempo está carregado e vem mais chuva e mais desgraça e isso está me atormentando. Tem um vento frio que se parece com o que sopra no inverno. Alguns pássaros cantam ao tempo em que motoristas afoitos buzinam e gesticulam uns para os outros sempre que dois ou três carros se encontram em uma esquina. Logo vejo dois cães que me cercam e começam a latir. São os mesmos de todos os dias. Agora, manter os próprios cachorros na rua como se estivessem em área privada é o novo normal. Aliás, não aguento mais essa teoria de o novo normal para tudo, como se o mundo houvesse virado de cabeça para baixo. Em pouco tempo escuto rosnadas, olho firme para um deles e digo em alto e bom som: se tu te bobear vou ter de te chamar na pedra. O cão pressente que existe algo de diabólico comigo e hesita. Largo o lixo para dentro do contêiner e em dois segundos tenho quatro pedras em minhas mãos. O canino, incrédulo, ainda me olha e eu olho para ele. Lá pelas tantas v

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Chamar atenção é a cultura do momento. Muita gente se perde enquanto tenta angariar popularidade. Antigamente, costumava escrever histórias em canais de comunicação em que o texto e a reflexão não eram a prioridade. Levei um certo tempo para alcançar que estava deslocado e aceitar que frequentava o espaço errado. E durante muitos dias de minha vida fiquei sem entender algumas reações em minha volta. Embora formado em comunicação social sempre achei que os textos e os contextos eram autoexplicativos. Porém, me enganei. E quando me dei conta disso comecei a pensar em todos os dados que tinha enquanto editor de livros. Lá pelas tantas tive de dar o braço a torcer e entendi que não temos 5% de pessoas capazes de identificar o que é ficção e o que é realidade. Claro que um país que lê tão pouco não está preparado para debater e entender muita coisa. Contudo, a partir do momento em que parti para publicações manuais e passei a veicular minhas obras no meu tapetão de andarilho tudo mudou. Fiq