Não alimento mais plataformas com
posicionamentos arbitrários, duvidosos e reacionários. É uma convicção que
tenho. Muita gente me diz que vou perder amigos e contatos profissionais por
conta desta decisão. Mas, eu não acredito nisso. Amigos e contatos sabem onde
podem me encontrar. Após anos e anos sendo massacrado por algoritmos desleais,
resolvi excluir tais plataformas e operar onde sou tratado de acordo com o que
me cabe. Afinal de contas, depois de um baú cheio de publicações e serviços
editoriais prestados, creio que devo levar tal situação em conta. Cansei de algoritmos
incapazes de identificar o que é um trabalho artístico e o que é um
comportamento nocivo. Portanto, em 2021 pretendo manter este blog, e meu perfil
no Recanto das Letras, atualizados. Sejam bem-vindos. Um grande abraço, sorte,
luz e literatura, sempre!
Saio para levar o lixo até o contêiner. O tempo está carregado e vem mais chuva e mais desgraça e isso está me atormentando. Tem um vento frio que se parece com o que sopra no inverno. Alguns pássaros cantam ao tempo em que motoristas afoitos buzinam e gesticulam uns para os outros sempre que dois ou três carros se encontram em uma esquina. Logo vejo dois cães que me cercam e começam a latir. São os mesmos de todos os dias. Agora, manter os próprios cachorros na rua como se estivessem em área privada é o novo normal. Aliás, não aguento mais essa teoria de o novo normal para tudo, como se o mundo houvesse virado de cabeça para baixo. Em pouco tempo escuto rosnadas, olho firme para um deles e digo em alto e bom som: se tu te bobear vou ter de te chamar na pedra. O cão pressente que existe algo de diabólico comigo e hesita. Largo o lixo para dentro do contêiner e em dois segundos tenho quatro pedras em minhas mãos. O canino, incrédulo, ainda me olha e eu olho para ele. Lá pelas tantas v...