O Facebook é a empresa mais cínica e
perversa que eu conheço. Por quê? Simplesmente porque ou a gente concorda com sua
política ou não tem acordo. É impossível esperar bom senso ou limite por parte
do “voyeur azulzinho” e seus algoritmos nada sociáveis ou éticos. Contudo, não
contava com arrego por parte dos mesmos, que representam o sistema faminto por
nossas almas. Eu confiava mesmo era que os usuários de internet fossem menos
narcisistas e mais inteligentes, já que se consideram livres. Os blogs estão
esquecidos pela maioria, os e-mails não são acessados e o vício em si mesmo é
algo que equiparo com a dependência em crack. Não se escreve e tampouco se
compreende 140 caracteres. O resultado é tremendo. A literatura, o conhecimento
e o saber perdem espaço. De um lado temos o estupro da mente e o jogo duplo
consentido por parte do usuário. Na direção oposta, o hermetismo. Eu prefiro o
hermetismo. Afinal de contas, “os lábios estão fechados, exceto aos ouvidos do
entendimento”, tal qual em Caibalion. E, mesmo diante de uma visão aterradora
para toda humanidade, sinto-me reconfortado em dobro a partir do momento em que
tenho consciência de que Charles Bukowski avisou, “a multidão sempre estará
errada”.
Ando em dois mundos e agora estou distante da mata mais verde que já vi O vento castiga minha face e afaga um varal colorido que tremula Sinto que minha alma revive O cheiro do monóxido de carbono carimba meu pulmão E um pássaro canta no alto de uma árvore Contudo, sem asas, porém, também divino, um mano desconhecido corre o olho pelo trampo Sei que a calçada me abriga desde muito jovem Seja palavra Seja tinta Seja madeira Seja ferro, fogo ou brasa O que mais importa é ser Ser como se nasceu Honesto consigo e o mundo em nossa volta E ao tempo em que me sirvo da situação e anoto, estou em paz comigo mesmo Estou livre Estou participando da mudança Estou em casa Estou na rua Estou esparramando um tanto do que brota em meu coração E olhando o varal e coringando o pano, sei que ando em dois mundos Com os mesmos pés O mesmo espírito A mesma alma E a mesma satisfação de ser