O título desta crônica é autoexplicativo. Depois
de nosso presidente Jair Bolsonaro inflamar seus apoiadores contra a Venezuela,
Manaus – em crise por conta da falta de oxigênio gerada pela inabilidade de
nosso governo em administrar a pandemia de Covid-19 –, recebe oxigênio de quem?
Acertou quem disse: Venezuela. É o que eu chamo de morder a língua. Certamente se nossos bolsonaristas tivessem um pingo de senso crítico pediriam perdão ao
nosso vizinho. Pois é, parece que o neoliberalismo de Bolsonaro não atende a
nenhuma expectativa. Enfim, eu poderia tocar uma flauta mais longa neste texto,
mas não creio que seja necessário ou oportuno por conta da seriedade do assunto.
É por isso que quando aponto as falhas do nosso desgoverno e alguém comenta
defendendo o nosso presidente eu simplesmente ignoro o comentário. Acho que a
realidade também é autoexplicativa, não é mesmo?
Ando em dois mundos e agora estou distante da mata mais verde que já vi O vento castiga minha face e afaga um varal colorido que tremula Sinto que minha alma revive O cheiro do monóxido de carbono carimba meu pulmão E um pássaro canta no alto de uma árvore Contudo, sem asas, porém, também divino, um mano desconhecido corre o olho pelo trampo Sei que a calçada me abriga desde muito jovem Seja palavra Seja tinta Seja madeira Seja ferro, fogo ou brasa O que mais importa é ser Ser como se nasceu Honesto consigo e o mundo em nossa volta E ao tempo em que me sirvo da situação e anoto, estou em paz comigo mesmo Estou livre Estou participando da mudança Estou em casa Estou na rua Estou esparramando um tanto do que brota em meu coração E olhando o varal e coringando o pano, sei que ando em dois mundos Com os mesmos pés O mesmo espírito A mesma alma E a mesma satisfação de ser