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O conforto da rocha

O calor e o som da lenha em brasa tomam conta de tudo. Sobre a mesa um livro de mitologia para ser lido ao final do dia. No peito uma sensação terna e equilibrada. Os tímidos raios de sol presentes neste dia tão outonal deixam um quadro bonito para além da vidraça de minha janela e alegram meu âmago. Um punhado de feijão para a refeição seguinte e um caderno recheado de muitas lições anotadas enchem meus olhos. Por entre meus dedos um cigarro de palha e uma xícara de café bem quente enquanto sinal de sorte e esperança abraça meu instante de contemplação. Acomodo o cobertor sobre minhas pernas e respiro fundo ao momento em que sinto meu corpo totalmente relaxado e vejo-me agraciado pelo conforto da lã e o abrigo da rocha. O astral que me rodeia assemelha-se a luz de uma vela acesa por um anjo e percebo que a satisfação é algo imensurável e de responsabilidade individual. A sensação divinal que me envolve clareia minha mente e limpa minha alma. Estou vivo e feliz. E sinto-me como uma formiga experiente que cumpriu seu papel durante o verão e que agora desfruta da espera pelo inverno sem nenhuma pressa ou aflição.

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