Aprendi a amar o silêncio e sossegar
meu coração, pois não tenho mais a pretensão de salvar ninguém de si mesmo. O
tempo passa, a vida ensina e o caminho se revela e revela. Ao semelhante, entrego-lhe
o conforto da própria liberdade e toda dignidade para servir-se de ignorância ou
conhecimento, conforme sua sede e sua fome. Porém, o bom tom obriga-me a
tornar-me igualmente livre e preservar-me conforme aprendo e caminho.
Ando em dois mundos e agora estou distante da mata mais verde que já vi O vento castiga minha face e afaga um varal colorido que tremula Sinto que minha alma revive O cheiro do monóxido de carbono carimba meu pulmão E um pássaro canta no alto de uma árvore Contudo, sem asas, porém, também divino, um mano desconhecido corre o olho pelo trampo Sei que a calçada me abriga desde muito jovem Seja palavra Seja tinta Seja madeira Seja ferro, fogo ou brasa O que mais importa é ser Ser como se nasceu Honesto consigo e o mundo em nossa volta E ao tempo em que me sirvo da situação e anoto, estou em paz comigo mesmo Estou livre Estou participando da mudança Estou em casa Estou na rua Estou esparramando um tanto do que brota em meu coração E olhando o varal e coringando o pano, sei que ando em dois mundos Com os mesmos pés O mesmo espírito A mesma alma E a mesma satisfação de ser