Creio que o saber não é algo para
trazer superioridade pessoal, mas para acarretar crescimento coletivo. O que
temos de compreender, na minha visão, é que um jarro cheio de água pode ser
usado para matar a sede ou para atingir a cabeça de alguém. O problema não é o
jarro, mas quem se senta em sua volta. E assim acontece com o conhecimento e
com tudo que nos cerca. A consciência impõe responsabilidade e formar
estruturas de pensamento sem nenhuma base científica é mais difícil do que a
partir dos conceitos. Falo de conceitos porque, enquanto seres que usam a fala
e a escrita para a própria expressão, necessitamos nomear as coisas e dar
sentido ao que expomos para localizarmos nosso interlocutor no momento do
debate. É por isso que usar o jarro de
maneira correta é sempre mais importante do que ensinar ou aprender. O todo é o
mundo e não somente os que estão perto da gente. Portanto, os demais contam com
a estruturação universal da comunicação para interpretar o que recebem e expor o que pensam. O entendimento
precisa de um código e de uma mensagem. Está aí o jarro com água e os que se sentam a sua volta que não me
deixam mentir.
Ando em dois mundos e agora estou distante da mata mais verde que já vi O vento castiga minha face e afaga um varal colorido que tremula Sinto que minha alma revive O cheiro do monóxido de carbono carimba meu pulmão E um pássaro canta no alto de uma árvore Contudo, sem asas, porém, também divino, um mano desconhecido corre o olho pelo trampo Sei que a calçada me abriga desde muito jovem Seja palavra Seja tinta Seja madeira Seja ferro, fogo ou brasa O que mais importa é ser Ser como se nasceu Honesto consigo e o mundo em nossa volta E ao tempo em que me sirvo da situação e anoto, estou em paz comigo mesmo Estou livre Estou participando da mudança Estou em casa Estou na rua Estou esparramando um tanto do que brota em meu coração E olhando o varal e coringando o pano, sei que ando em dois mundos Com os mesmos pés O mesmo espírito A mesma alma E a mesma satisfação de ser