Acredito que é preciso desenvolver uma
cosmovisão do todo. Então, imagine-se dentro de uma fenda rochosa. E que você
está reunido com seu clã e se sente em segurança. Todos estão ao redor da
fogueira enquanto a fumaça e o calor do fogo transformam a carne para ser
consumida e armazenada. É uma boa quantidade de carne que será somada ao tanto
de frutas e raízes coletadas. Algumas frutas e raízes serão consumidas
imediatamente e a maioria delas serão desidratadas e preparadas de várias
maneiras também pela fumaça e o calor do fogo. O que rege sua vida não é o
capital, mas a natureza. Ela é o único governante. Um governante que se
manifesta através do som e da energia que emana. Essa energia é o raio. O raio
que se mostra no céu e que ao tocar o chão produz fogo. A única energia
disponível. Pense que embora você tenha domínio sobre o fogo e possa fazer com que
o mesmo se torne presente em diferentes lugares, dentro ou fora da caverna,
você entende que não pode fazer uma fogueira no alto do céu. É uma noite fria.
Está chovendo. Você vê a luz da fogueira dentro da caverna e mesmo sabendo que
o fogo apaga embaixo da chuva, você também compreende que a chuva não pode
apagar o fogo que se mostra em forma de raio lá no alto do céu e tampouco a
fogueira dentro da caverna. Enfim, tudo parte do raio que está no céu e toca a
terra. E se você pensar um pouco vai compreender tudo que importa.
O serviço começou com o enterro do contato. Quem entregou o dinheiro nunca voltou para casa. E o atirador deu um cuspe em cima da terra que usou para cobrir o corpo. Quem pagou não falou com ele. E quem foi fichado em sua caderneta não sonhou de noite. Uma bala. A cabeça de um lado. E o corpo do outro. Como sempre!