A temperatura ultrapassa os vinte graus. Em meio a tal identificação é evidente que este calor é uma surpresa — afinal de contas, vivemos a estação invernal, aqui no Sul do Brasil. A meteorologia comunica que estamos sujeitos a uma onda de frio polar avassaladora. A qual é classificada como sendo uma das mais intensas historicamente falando. Em tal instante, posso dizer que me sinto cansado, pois a última semana foi corrida devido aos preparativos para a chegada do frio extremo tão amplamente anunciado. Todo ecossistema fora preparado para suportar as baixas temperaturas vindouras. O conforto térmico deve se manter controlado assim como a umidade; uma grande quantidade de alimento foi disponibilizada e a essência e o extrato estão acomodados e armazenados da melhor maneira possível. Ao tempo em que escrevo tal texto escuto o vento forte e morno que soa através da janela e observo as nuvens alterando a composição do céu. Com tudo pronto: é o momento de sentar e esperar.
Ando em dois mundos e agora estou distante da mata mais verde que já vi O vento castiga minha face e afaga um varal colorido que tremula Sinto que minha alma revive O cheiro do monóxido de carbono carimba meu pulmão E um pássaro canta no alto de uma árvore Contudo, sem asas, porém, também divino, um mano desconhecido corre o olho pelo trampo Sei que a calçada me abriga desde muito jovem Seja palavra Seja tinta Seja madeira Seja ferro, fogo ou brasa O que mais importa é ser Ser como se nasceu Honesto consigo e o mundo em nossa volta E ao tempo em que me sirvo da situação e anoto, estou em paz comigo mesmo Estou livre Estou participando da mudança Estou em casa Estou na rua Estou esparramando um tanto do que brota em meu coração E olhando o varal e coringando o pano, sei que ando em dois mundos Com os mesmos pés O mesmo espírito A mesma alma E a mesma satisfação de ser