Nos últimos tempos tenho pensado na
vida e na maneira como as coisas acontecem. Posso dizer que em meu entendimento
estamos ligados diretamente com o universo. As coisas fluem no cosmos. Na
centelha divina energética. O que houve ontem tinha de haver, assim como o que
houve hoje teve de haver e o que haverá amanhã tem de haver. Esta compreensão é
algo que tira um peso enorme das costas de qualquer indivíduo que sabe que:
deixar a vida fluir não significa cruzar os braços. Tudo é simples. Façamos o
que temos de fazer no momento adequado e o universo trará tudo de melhor na ocasião
propícia. E não é necessário crer em algo mais do que isto. Não cobrar do outro
e não cobrar de si, trabalhar o dia e nossas ações com espontaneidade e
generosidade me parece uma grande chave para a vida. A energia gerada pelo
sentimento de boa intenção é algo extremamente poderoso que ressoa por todo
cosmos e traz uma paz e uma iluminação gigantesca para o nosso interior e
transforma o nosso cotidiano de maneira extremamente positiva. As realizações
chegam até o ser humano sem que sejam necessários comportamentos competitivos,
arrogantes e raivosos. O universo se move e como fazemos parte dele nos
mantemos em movimento. Por isto, sintonizar-se com as melhores ondas de energia
é algo que coloca cada um de nós em seu curso e faz com que toda nossa
genialidade se aflore e se manifeste. Acho que viver bem ou em paz: é o reflexo
de um estado de espírito situado entre a aceitação e a labuta. Porém, não é um
estado que compreende indivíduos alinhados com o modelo de sociedade que temos.
Afinal, quem é regido pelo mercado não pode alinhar-se com o universo uma vez
que são dois caminhos diferentes. Não julgo. Apenas reflito a respeito do
assunto e aceito as escolhas de cada um.
Saio para levar o lixo até o contêiner. O tempo está carregado e vem mais chuva e mais desgraça e isso está me atormentando. Tem um vento frio que se parece com o que sopra no inverno. Alguns pássaros cantam ao tempo em que motoristas afoitos buzinam e gesticulam uns para os outros sempre que dois ou três carros se encontram em uma esquina. Logo vejo dois cães que me cercam e começam a latir. São os mesmos de todos os dias. Agora, manter os próprios cachorros na rua como se estivessem em área privada é o novo normal. Aliás, não aguento mais essa teoria de o novo normal para tudo, como se o mundo houvesse virado de cabeça para baixo. Em pouco tempo escuto rosnadas, olho firme para um deles e digo em alto e bom som: se tu te bobear vou ter de te chamar na pedra. O cão pressente que existe algo de diabólico comigo e hesita. Largo o lixo para dentro do contêiner e em dois segundos tenho quatro pedras em minhas mãos. O canino, incrédulo, ainda me olha e eu olho para ele. Lá pelas tantas v...