Pular para o conteúdo principal

Com todo respeito

Eu ainda acredito no amor

Mesmo que no mundo

Ainda exista muita dor

Sou chapado de poesia

E viciado em rima

Sou doutor da alma

E vivo como se fosse flor

Ando de dia e de noite

Sempre na mesma trilha

Não corto caminho

Nem engasgo no verso

Agora é minha vez de rasgar o verbo

Conheço muitas histórias reais

Que rolam em telejornais

Sei que tem fome no mundo

E muita promessa sem paz

Já vi muito defunto

Que achava que não podia virar presunto

Sendo alocado em sete palmos

Embaixo do mundo

O mundo é imundo

Mundo

Mundo

Mundo louco de roleta-russa

Um tiro de fuzil

E muito sangue na blusa

Meu Deus

Meu Deus

Me acuda

E quem puder

Que chame seu Buda

Vejo gente negligenciada o tempo todo

Enquanto os caras que comandam o Estado

Andam de avião e terno fino o dia todo

Se fazem de loucos

E a população se vira

Para engolir tudo que é tipo de osso

É pouco

É osso

É pouco

É osso

Dizem que a população tem que comer é bala de fuzil

Que viagem

Tio

Que viagem

Mas essa eu não engulo a seco não

Meu irmão

Saca qual é a visão

Político safado nunca passou fome não

Nessa pátria Brasil

Contam histórias distorcidas a mil

Qual é

Meu velho?

Qual é?

Quem foi que disse que o Cabral descobriu o Brasil?

Qual é

Meu velho?

Qual é?

Falam que a previdência quebrou o sistema

Que bagulho mais sem tema

Sem eira e nem beira

Enquanto que os pilantras

Comem leite condensado de penca

O povo vive apertado e desolado

É nessas e outras

Que eu tô pirado

Tá embaçado

Tá embaçado

É por essas e outras que eu falo

Eu já tô cansado de ver tanto leite condensado esparramado

Sujando bigode

Barba

Gravata e camisa

Dessa quadrilha que tá lá em Brasília

Meu mano

Saca só

É muita injustiça

E muita conversa genocida

É foda

É zica

Mas a revolta também inspira

E ainda na conversa

E no sapato

Eu sei muito bem

Que nem sempre sou zen

Eu tô muito mais para Super-Man

Eu sei muito bem

Que minha língua é afiada

Igual navalha de barbeiro

Sou malandro lá da rua

E saco sua ideologia destrutiva o tempo inteiro

Eu tô ligado

Parceiro

Que é mentira esse bagulho de boi bombeiro

Que furada

Que cinzento

Nem de longe

Que um trote desses é maneiro

Os caras são sacanas

E contaminam crianças com suas palavras profanas

Que gente sem nexo

E que não tem nenhum amplexo

Para repartir

Banalizam o direito

A arte

E a vida

Esse bando de pilantra

É contra tudo

Até a vacina

Mas pode crer no que estou falando

Esse é o recado que vem das ruas

E vai soar lá nas urnas

O jogo tá virando

Tá virando

Tá virando

Todo mundo tá de saco cheio

Eu quero ver aonde o político vai se esconder

Quando explodir o balão do vespeiro

E no mais

Com todo respeito

Um sorriso na cara e um bom fago na fuça

É o melhor revide que eu conheço

Postagens mais visitadas deste blog

Território fértil e livre

O artista que expõe seu trampo na rua tem um retorno enorme. Nos últimos 90 dias fiz um estudo no qual comparei a resposta que tive empregando esforço na internet com o que consegui expondo nas praças. A ideia de fazer tal pesquisa surgiu a partir de um papo com colegas e amigos – um debate muito antigo, recorrente e maçante. Inclusive, me comprometi de apresentar dados e tenho fotos para comprovar minhas constatações. Então, esta semana, cheguei ao veredito. E é claro que o retorno da rua superou o que fora realizado através de postagens. Principalmente quando se compara a medida de esforço para realizar cada um deles em relação ao engajamento, palavra da moda. E, conforme combinado, ontem, concretizei minha despedida on-line. Este era o trato. Se a internet superasse a rua, assumi o compromisso de cessar com o mangueio e vice-versa. É importante registrar, que me propus a realizar tal trabalho porque queria saber outro dado: qual é a disposição do artista para sair a campo com se

Acordo todo dia no mesmo mundo cão

Saio para levar o lixo até o contêiner. O tempo está carregado e vem mais chuva e mais desgraça e isso está me atormentando. Tem um vento frio que se parece com o que sopra no inverno. Alguns pássaros cantam ao tempo em que motoristas afoitos buzinam e gesticulam uns para os outros sempre que dois ou três carros se encontram em uma esquina. Logo vejo dois cães que me cercam e começam a latir. São os mesmos de todos os dias. Agora, manter os próprios cachorros na rua como se estivessem em área privada é o novo normal. Aliás, não aguento mais essa teoria de o novo normal para tudo, como se o mundo houvesse virado de cabeça para baixo. Em pouco tempo escuto rosnadas, olho firme para um deles e digo em alto e bom som: se tu te bobear vou ter de te chamar na pedra. O cão pressente que existe algo de diabólico comigo e hesita. Largo o lixo para dentro do contêiner e em dois segundos tenho quatro pedras em minhas mãos. O canino, incrédulo, ainda me olha e eu olho para ele. Lá pelas tantas v

Existe um desespero evidente

Chamar atenção é a cultura do momento. Muita gente se perde enquanto tenta angariar popularidade. Antigamente, costumava escrever histórias em canais de comunicação em que o texto e a reflexão não eram a prioridade. Levei um certo tempo para alcançar que estava deslocado e aceitar que frequentava o espaço errado. E durante muitos dias de minha vida fiquei sem entender algumas reações em minha volta. Embora formado em comunicação social sempre achei que os textos e os contextos eram autoexplicativos. Porém, me enganei. E quando me dei conta disso comecei a pensar em todos os dados que tinha enquanto editor de livros. Lá pelas tantas tive de dar o braço a torcer e entendi que não temos 5% de pessoas capazes de identificar o que é ficção e o que é realidade. Claro que um país que lê tão pouco não está preparado para debater e entender muita coisa. Contudo, a partir do momento em que parti para publicações manuais e passei a veicular minhas obras no meu tapetão de andarilho tudo mudou. Fiq