Pular para o conteúdo principal

Embaixo do sol

O sol estava quente e o vento soprava com força. Tragava um careta e pensava em escrever. Sabia que tinha de fazer a lida antes de poder sentar e anotar alguma coisa. Em minha volta, transeuntes e carros disputavam a lateral da rua. Enquanto isso tentava recolher a matéria orgânica com o máximo de cuidado. Queria encher a sacola de rafia até a boca e me livrar de espinhos, aranhas, escorpiões e cobras. Lá pelas tantas, vi que algo se moveu em meio aos galhos. Dei um passo para trás. Traguei fundo e não tirei os olhos do lugar em que vi o movimento. Peguei o facão, que carrego para destrinchar as galhadas, e quando a Cruzeiro colocou a cabeça para fora das folhas, prendi com a ponta do facão. Com cuidado, eu a peguei por trás da sua cabeça. Não sabia o que fazer com ela. Na dúvida a coloquei dentro de uma saca e amarrei para que não me fizesse nenhuma surpresa. Tomei o rumo de uma estrada de terra. Andei até bem longe do perímetro urbano e a deixei em um capão de mato. Ela também é um ser vivo e não posso dizer que é mais perigosa do que eu para justificar sua morte. Zarpei e quando cheguei em casa dei conta de guardar a matéria orgânica e de comer para os cães. Assim que cheguei à cozinha fui cego até a geladeira, servi um trago e tratei de registrar o acontecido. Afinal de contas, não é todo dia que se encontra uma criatura tão bonita.

Postagens mais visitadas deste blog

O contato

O serviço começou com o enterro do contato. Quem entregou o dinheiro nunca voltou para casa. E o atirador deu um cuspe em cima da terra que usou para cobrir o corpo. Quem pagou não falou com ele. E quem foi fichado em sua caderneta não sonhou de noite. Uma bala. A cabeça de um lado. E o corpo do outro. Como sempre!

Neurose de “soldado”

Em primeiro lugar, quando, você, diz que faz parte de uma organização paramilitar, está afirmando que compõem um grupo armado e que se reconhece em estado de guerra. É impossível fazer parte de um grupo paramilitar desarmado. Tampouco é possível negar que se olha como sendo um soldado em batalha. É uma questão de lógica. E se, você, estiver em guerra contra comunistas — e comunistas são apenas os que discordam das suas visões de mundo —, começa a evidenciar um distúrbio mental ainda mais sério.  Conforme a reportagem no portal Terra , os “300 do Brasil”, se designa um grupo paramilitar desarmado. Uma organização que admite ser influenciada pelo Olavo de Carvalho, alguém que acha que a Terra (Planeta) é plana. Este, eu, não sei se é só mentalmente perturbado, ele tem de ser algo mais e pior do que isso. Acho que perverso: é a melhor palavra. No mais, se, você, assume que está treinando pessoas para uma guerra de informação, então, você, assume publicamente que está desinformando...

Dia do professor e um textão em bloco

É um dia de muito sol. De céu azul feito anil. Segunda-feira, 15 de outubro de 2018. Por certo, hoje sim, haveria de ser feriado. Afinal de contas, sem ele, não existiria partilha de conhecimento. Pois, foi um professor, quem nos ensinou a escrever. Foi ele, o professor, quem nos ensinou a ler. Foi o professor, quem nos ensinou a História. E mais, foi um professor, quem nos deu ideia de Biologia. Foi um professor, quem falou para cada um de nós, sobre os elementos químicos. Sim, foi um professor, quem passou ciência ao nosso médico, leitor. Pois é, foi um professor, quem repartiu o seu saber quanto à construção de um motor. Sim, foi um professor, quem nos instruiu, em todas as áreas possíveis, quando o assunto é conhecimento. E, hoje, é um dia para que este profissional, tão dedicado, receba felicitações e respeito. Mas, por qual razão temos um dia para festejar o ofício de ser professor? Porque uma categoria banalizada a todo instante, precisa de um dia para que todos se lembrem del...