Viver em um mundo controlado por
robôs é um saco. Não tem nada pior do que a falta de privacidade e a companhia
incessante de um perfilador. Ao menos em minha ótica. Tenho 43 anos e escrevo
desde criança. E sempre aprendi com escritores mais renomados do que eu que
escrever ficção não tem compromisso com verdades ou mentiras. Fui treinado para
escrever com toda força que tenho em meu âmago. A literatura para mim não é
limitante. Ao contrário, é libertadora. Acho que a pessoa que vive presa em uma
coleira acaba enlouquecendo. E quando comecei a escrever eu me amarrei na
possibilidade de romper com a realidade. Com o certo e o errado. Sou um homem
honesto. Sou trabalhador. Sou ético. Mas, quando eu escrevo, não tenho
compromisso com o homem que me habita e, tampouco com os robôs que me cercam,
pois no momento de escrever, sou fiel à literatura e nada mais.
O serviço começou com o enterro do contato. Quem entregou o dinheiro nunca voltou para casa. E o atirador deu um cuspe em cima da terra que usou para cobrir o corpo. Quem pagou não falou com ele. E quem foi fichado em sua caderneta não sonhou de noite. Uma bala. A cabeça de um lado. E o corpo do outro. Como sempre!