O assunto era interessante. Discutia-se
o currículo escolar. O convidado é um professor extremamente inteligente. Contudo,
o podcast e o convidado não são meu alvo de avaliação em tal texto. O convidado
levantou questões interessantíssimas. Falou sobre a diferença entre ética e
moral. Observou que os conhecimentos abordados na escola são uma escolha feita
por alguém e que isto tem relação com a política. Falou a respeito do que é
interesse do aluno e sobre o que o aluno ainda não sabe que existe e por isso
ainda não possui condições de escolher o que a escola deve ensinar etc. Ótimas
colocações. Enfim, palmas ao podcast e ao convidado. Ambos cumpriram seu papel.
Só que agora quero entrar no que realmente interessa em minha abordagem: o
internauta. Falo do internauta, porque a explanação do professor foi tão legal
e profunda, que cheguei à conclusão de que para me posicionar sobre tais
questões levantadas teria de reler muitos livros e ler mais alguns. Porém, percebi
que os internautas se posicionaram com extrema rapidez, uma prova de que não
refletiram o suficiente para opinarem sobre o assunto levantado e lá pelas
tantas ficou claro que, pensar e refletir não são o nosso forte dentro e fora
da internet. A gente, enquanto grupo social, fala muito, pensa pouco, lê nada e
não vamos a lugar algum com essa mentalidade. Somos rasos. E somos rasos porque
antes de tudo, não temos a humildade que acompanha os sábios. Existe uma máxima
infalível, quem não duvida de sua capacidade, não tem nenhuma capacidade. É por
isso que a maioria fala o tempo todo, mesmo sem ter nada fundamentado para
dizer. Agora vou ler, pois o assunto é interessante e pesquisar e refletir a
respeito me parece uma ótima alternativa.
Saio para levar o lixo até o contêiner. O tempo está carregado e vem mais chuva e mais desgraça e isso está me atormentando. Tem um vento frio que se parece com o que sopra no inverno. Alguns pássaros cantam ao tempo em que motoristas afoitos buzinam e gesticulam uns para os outros sempre que dois ou três carros se encontram em uma esquina. Logo vejo dois cães que me cercam e começam a latir. São os mesmos de todos os dias. Agora, manter os próprios cachorros na rua como se estivessem em área privada é o novo normal. Aliás, não aguento mais essa teoria de o novo normal para tudo, como se o mundo houvesse virado de cabeça para baixo. Em pouco tempo escuto rosnadas, olho firme para um deles e digo em alto e bom som: se tu te bobear vou ter de te chamar na pedra. O cão pressente que existe algo de diabólico comigo e hesita. Largo o lixo para dentro do contêiner e em dois segundos tenho quatro pedras em minhas mãos. O canino, incrédulo, ainda me olha e eu olho para ele. Lá pelas tantas v...