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Mostrando postagens de dezembro, 2021

À porta do céu

À véspera do entardecer de um dia qualquer, meu corpo vaga, minha mente vaga e meu espírito vaga, em uma infinita caminhada à procura de tudo e de nada Lembro-me de espantar-me com uma visão bucólica em tal dia ensolarado, ao tempo em que a relva doce e desconhecida e extraordinária me apanha e me arrebata de fora para dentro e de dentro para fora Sinto o cheiro da terra, que fora transformada em poeira, por conta de um vento indolente e que tornara-se redemoinho, em meio a estrada recoberta pelas folhas da mata que me rodeia Ao mirar adiante, percebo a leve e longa elevação do terreno, que me conduz a um ponto um tanto quanto mais alto e que culmina em um alvo infinito a imortalizar, em um único instante, um beijo doce e terno entre o céu e a terra e que desvenda-se diante de meu ser como se os dois fossem feitos um para o outro Alegro-me com tamanha benção e tomo a decisão de esticar a lona bem ao alcance do abraço de um grande Angico, que me proporciona um pouso seguro e ser

Aprender e ensinar são ocupações para toda vida

Esta crônica é a de número 200 aqui no blog. Nos últimos tempos tenho centralizado minhas postagens neste canal e me alegra perceber que existe uma boa quantidade de conteúdo postado. Espero que esta plataforma nunca se torne obsoleta e que eu possa manter este espaço com o máximo de textos ao longo da vida. Tenho curiosidade, inclusive, de saber quantos conseguirei postar até o fim de minha jornada neste planeta. E, após uma breve abertura, vamos ao assunto do dia. É bem verdade, que aprender e ensinar são ocupações para toda vida. Explico a situação. O saber é respectivo a tudo. Compreende desde as tarefas mais simples até as mais complexas. É preciso tempo tanto para aprender quanto para ensinar. Ninguém aprende nada e ninguém ensina nada enquanto se passa em alta velocidade pelas lições. Para lavar a louça, existe um método e vários detalhes. Para pintar uma casa, igualmente. Para cortar uma grama. Para varrer o chão. Para confeccionar um livro. Para plantar uma horta. Portanto

Ao final do dia

Ateio fogo em uma vela, que ilumina a recente penumbra e vejo tons amarelados, resplandecentes e aureados de minha pobre e bela alma, os quais, surgem em meio ao silêncio de meus devaneios Anoto o que vejo e sinto como quem reza para o sem fim de seu próprio âmago, em meio à loucura da insana liberdade, ao modo de quem se recusa a tornar-se parte de um suplício sem fim, que transforma homens em cães adestrados a correrem atrás do próprio rabo em busca de um futuro conforto chamado sonho gentil e que depois de carcomer espíritos — ainda livres — os transforma em nada mais do que carcaças de ratos secos e mortos e esquecidos Insurgente, faço versos e preencho linhas de um caderno que carrego em meu bolso, muito bem acomodado sobre o peito e que soterra meu coração ao tempo em que dou vida à minha alma tão estranha ao escravagismo moderno deste mundo manipulado que não me alcança Sou infame Sou poeta Sou palavra e blasfêmia Sou o fim do calvário e o raio simples e puro de uma