Observei o alvo durante uma semana.
Saber esperar é uma grande virtude. Eu fumava um palheiro e mantinha o rifle em
posição para que pudesse acompanhar a situação de perto. A distância que tinha
era de 682 m. Lá pelas tantas, o encomendado apareceu. O vento estava como
devia. E avaliando a distância e todos os elementos possíveis, sabia que o
momento era favorável. Respirei fundo e não me apressei. Notei que havia
movimento nos fundos da casa. Não demorou e a caminhonete saiu lotada de gente.
Por garantia, observei, com muita atenção, o semblante de cada um dos que
estavam no veículo. O confiado estava sozinho. Fiquei ali, contando os
instantes. E, quando o instinto me disse que era chegada a hora, firmei a mira
bem no meio do pescoço. Na altura do gogó, como se diz. Foi um tiro certeiro. No
compasso de meu coração. A cabeça de um lado, o corpo do outro, como sempre.
Guardei o rifle na encilha e montei. Em pouco mais de duas horas estava sumido,
feito um fiapo de fumaça.
O artista que expõe seu trampo na rua tem um retorno enorme. Nos últimos 90 dias fiz um estudo no qual comparei a resposta que tive empregando esforço na internet com o que consegui expondo nas praças. A ideia de fazer tal pesquisa surgiu a partir de um papo com colegas e amigos – um debate muito antigo, recorrente e maçante. Inclusive, me comprometi de apresentar dados e tenho fotos para comprovar minhas constatações. Então, esta semana, cheguei ao veredito. E é claro que o retorno da rua superou o que fora realizado através de postagens. Principalmente quando se compara a medida de esforço para realizar cada um deles em relação ao engajamento, palavra da moda. E, conforme combinado, ontem, concretizei minha despedida on-line. Este era o trato. Se a internet superasse a rua, assumi o compromisso de cessar com o mangueio e vice-versa. É importante registrar, que me propus a realizar tal trabalho porque queria saber outro dado: qual é a disposição do artista para sair a campo com se