É quando tenho um tempo para
escrever com maior regularidade. Trago em mente que este é o motivo pelo qual
gosto do outono. Um sentimento egoísta na visão de uns e de autocuidado para
outros. Vida de cronista me parece um tanto quanto confessional na maioria das
vezes. Mas, com o tempo se aprende que, tudo tem um ponto de vista. O modo como
penso, agora, me liberta de muita coisa que me fez triste em muitos momentos. E
quando olho para trás fico satisfeito em saber que tudo muda. E que
cada gênero textual é o cerne de um contexto. A alquimia me ensinou a
compreender as estações da vida, o despertar e o sono. Trabalhar com livros e
plantas aquietou minha alma. Sempre que restauro uma publicação consigo me envolver
de uma maneira formidável e as plantas me deram uma noção diferente do tempo e
dos tempos. Aproveito um dia de cada vez e faço meu caminho com felicidade ao
invés de buscá-la. Alguns dirão que sou tolo e outros que sou sábio. E já que é
assim: vou aproveitar o sol e o café que me aquecem em tal
instante.
Ando em dois mundos e agora estou distante da mata mais verde que já vi O vento castiga minha face e afaga um varal colorido que tremula Sinto que minha alma revive O cheiro do monóxido de carbono carimba meu pulmão E um pássaro canta no alto de uma árvore Contudo, sem asas, porém, também divino, um mano desconhecido corre o olho pelo trampo Sei que a calçada me abriga desde muito jovem Seja palavra Seja tinta Seja madeira Seja ferro, fogo ou brasa O que mais importa é ser Ser como se nasceu Honesto consigo e o mundo em nossa volta E ao tempo em que me sirvo da situação e anoto, estou em paz comigo mesmo Estou livre Estou participando da mudança Estou em casa Estou na rua Estou esparramando um tanto do que brota em meu coração E olhando o varal e coringando o pano, sei que ando em dois mundos Com os mesmos pés O mesmo espírito A mesma alma E a mesma satisfação de ser