Estou pensando aqui com meus
botões. Ler é um ato de revolução do mesmo modo que escrever também é. Um completa
o outro. A literatura dá luz ao que faz parte dos dramas humanos. Nenhuma inspiração
pode ser maior do que a vida. Acho que em muitos casos a literatura soa
intimidadora porque remexe nas entranhas de quem escreve e de quem lê
igualmente. Aprendi com Dostoiévski que não precisamos enfrentar todos os
nossos monstros de uma só vez. Porém, ler e escrever são hábitos que me cativam
desde sempre e me fizeram mais forte. Mergulho nos textos e me sinto
confortável enquanto penso em tais demônios. Vejo a estética que a literatura
compartilha ao transformar vida em arte como sendo algo primordial para nosso
crescimento pessoal e social. E numa hora destas também penso no velho Bukowski
quando disse que a gente deve encontrar o que amamos e deixar que isso nos
mate. Sei que a literatura me ganhou ainda jovem e me deu o mundo e a vida para
conhecer. Agradeço por isto todos os dias. E quando lembro daquele menino esquelético
e solitário sentado sobre o tronco de uma árvore, lendo ao sol em um dia de
inverno, só consigo pensar em salvação.
O serviço começou com o enterro do contato. Quem entregou o dinheiro nunca voltou para casa. E o atirador deu um cuspe em cima da terra que usou para cobrir o corpo. Quem pagou não falou com ele. E quem foi fichado em sua caderneta não sonhou de noite. Uma bala. A cabeça de um lado. E o corpo do outro. Como sempre!