Estou relendo o magnífico livro
Flores de Alvenaria do Sérgio Vaz. De
tempos em tempos eu faço estas coisas. Tenho costume de reler livros que
tocaram meu coração e minha alma. Faço isto para renovar-me por dentro e por
fora. O que posso dizer é que uma obra como esta, que seguro em minhas mãos, dá
um alento do caralho. Pois é, sou destes que de tempos em tempos sente a
necessidade de voltar pra base, como disse o Mano Brown. Sempre que olho em
volta e percebo que andei um bom tanto pelas alamedas eu costumo parar de andar
para me certificar de que não me afastei de alguns ideais que acho indispensáveis
para o meu progresso. Acho que a imagem de capa da edição que tenho desta obra
aviva minha mente e meu coração. Afinal de contas, uma rosa feita de tijolos
representa muito do que vivi e muito do que desejo para o futuro. É aquela
célebre frase da qual nunca vou esquecer: “minha poesia vem das ruas que os
anjos não costumam frequentar”. Saber deste tipo de coisa é sempre muito
importante, porque faz muita diferença na vida de um sujeito como eu, que penso
como eu penso e que sente como eu sinto, que anda por aonde eu ando e que também
escolheu o amor como sendo a sua fé.
Saio para levar o lixo até o contêiner. O tempo está carregado e vem mais chuva e mais desgraça e isso está me atormentando. Tem um vento frio que se parece com o que sopra no inverno. Alguns pássaros cantam ao tempo em que motoristas afoitos buzinam e gesticulam uns para os outros sempre que dois ou três carros se encontram em uma esquina. Logo vejo dois cães que me cercam e começam a latir. São os mesmos de todos os dias. Agora, manter os próprios cachorros na rua como se estivessem em área privada é o novo normal. Aliás, não aguento mais essa teoria de o novo normal para tudo, como se o mundo houvesse virado de cabeça para baixo. Em pouco tempo escuto rosnadas, olho firme para um deles e digo em alto e bom som: se tu te bobear vou ter de te chamar na pedra. O cão pressente que existe algo de diabólico comigo e hesita. Largo o lixo para dentro do contêiner e em dois segundos tenho quatro pedras em minhas mãos. O canino, incrédulo, ainda me olha e eu olho para ele. Lá pelas tantas v...