Ando com meus pensamentos. Regando as
plantas. Desenhando. Limpando os livros e os restaurando com paciência. Sinto um
ar filosófico em meu entorno. Acho que algo bom me mantém a salvo das loucuras
mundanas. Como se meu corpo, meu espírito e minha mente estivessem
estabilizados sobre uma rocha que abarca muitos saberes. É um tempo de retiro. Um
espaço que aprendi a cultivar como quem busca viver o dia com felicidade e deseja
aprender algo novo sempre que possível. Mantenho-me confiante na estrada que se
apresenta diante de meus objetivos. Não estendo minhas escolhas ao todo. E por
conta de tal liberdade tomo a minha em mãos. Faço como sinto. E sigo meu
caminho ao tempo em que me amparo em uma intuição que me é latente e
confortável em relação ao meu modo de vida liberto e avesso ao status quo.
Ando em dois mundos e agora estou distante da mata mais verde que já vi O vento castiga minha face e afaga um varal colorido que tremula Sinto que minha alma revive O cheiro do monóxido de carbono carimba meu pulmão E um pássaro canta no alto de uma árvore Contudo, sem asas, porém, também divino, um mano desconhecido corre o olho pelo trampo Sei que a calçada me abriga desde muito jovem Seja palavra Seja tinta Seja madeira Seja ferro, fogo ou brasa O que mais importa é ser Ser como se nasceu Honesto consigo e o mundo em nossa volta E ao tempo em que me sirvo da situação e anoto, estou em paz comigo mesmo Estou livre Estou participando da mudança Estou em casa Estou na rua Estou esparramando um tanto do que brota em meu coração E olhando o varal e coringando o pano, sei que ando em dois mundos Com os mesmos pés O mesmo espírito A mesma alma E a mesma satisfação de ser