Nos últimos
tempos tenho tido boas experiências com o Mammalia. A ideia de levar livros, pirogravuras
e quadros com desenhos até as praças da cidade tem me rendido bons papos e
muitos contatos. O que percebo é que a população gosta deste tipo de
intervenção. Muita gente quer saber qual é o meu objetivo com tal atitude. Então
digo que pretendo expor meu trampo e trocar ideias com as pessoas e percebo que
seus rostos demonstram expressões de quem fica confortável com minha resposta.
Alguns
passam pela rua e dizem, “tá bonito de ver, Cavanhas”, ao tempo em que deixam
um sinal de positivo com o braço esticado em direção ao alto. Eu agradeço e
retorno com o mesmo gesto e um sorriso. Acho que as pessoas se surpreendem com minha
atitude. Localmente, raramente encontro outros artistas fazendo o mesmo.
E pelo
que as pessoas interessadas comentam comigo entendo que na opinião da maioria
eu deveria expor tais trabalhos em galerias e grandes eventos literários. Mas aí
explico que na minha concepção o artista vai onde o povo está. E normalmente meus
interlocutores entendem minha explicação com facilidade.
Acho
que a arte deve estar ao alcance de todos. Pois na minha visão, um artista de
rua cumpre seu papel com excelência porque cria uma situação em que o
transeunte e a arte estabelecem interação com simplicidade e afeto, longe de
burocracias. Creio que participo de uma construção social que estabelece evolução
pessoal para todos os envolvidos. É uma situação que me agrada porque enquanto
artista me liberta das amarras e convenções sociais e também me deixa de fora
da labuta com algoritmos.