Anoto muitas linhas em meu caderno ao tempo em que vago pelas praças da cidade. Encontrei minha paz de novo. A mesma que tinha com 18 anos. Consegui um tanto de solitude e também um pouco de verdadeira companhia. Ao trocar ideias e expor meu trampo resgatei o único modo de vida que conseguiu completar meu ser. Acho que é isso que mais conta em nossa existência: trilhar um caminho que possa verdadeiramente sossegar o nosso coração.
Ando em dois mundos e agora estou distante da mata mais verde que já vi O vento castiga minha face e afaga um varal colorido que tremula Sinto que minha alma revive O cheiro do monóxido de carbono carimba meu pulmão E um pássaro canta no alto de uma árvore Contudo, sem asas, porém, também divino, um mano desconhecido corre o olho pelo trampo Sei que a calçada me abriga desde muito jovem Seja palavra Seja tinta Seja madeira Seja ferro, fogo ou brasa O que mais importa é ser Ser como se nasceu Honesto consigo e o mundo em nossa volta E ao tempo em que me sirvo da situação e anoto, estou em paz comigo mesmo Estou livre Estou participando da mudança Estou em casa Estou na rua Estou esparramando um tanto do que brota em meu coração E olhando o varal e coringando o pano, sei que ando em dois mundos Com os mesmos pés O mesmo espírito A mesma alma E a mesma satisfação de ser