Estou de folga porque trabalhei durante o final de semana. Acordei no mesmo horário de sempre e fiz um chimarrão dos bem cevados e me plantei aqui diante de meu computador e fiquei olhando algumas plantas que tenho em vasos e senti a vontade de escrever um pouco sobre elas. Estas plantas em específico estão completando 10 anos. Estão bonitas. Há uns 4 anos comecei a reduzir o tamanho delas para que se acomodassem melhor aqui no espaço disponível. Aos poucos estão se tornando bonsai. Alguns extremamente bonitos. E uma coisa que reparei foi que o cultivo foi moldando cada uma delas sem pressa e me sinto recompensado. Acho que o segredo da vida é dar tempo ao tempo e não estipular metas com base em realidades muito longe da que temos. Um traço que não pude deixar de notar ao tempo em que olhava para elas é que estão muito parecidas com aquelas árvores imensas e antigas que a gente encontra ainda em pequenos bolsões verdes e me encantei com tamanha formosura. Pretendo manter o cuidado com elas levando sempre em conta a paciência. E faço tal colocação porque percebi ao longo do tempo que fazendo poucas intervenções nas plantas durante o ano se caminha mais rápido. Sei que 4 anos é um bom tempo, mas também sei que em se tratando de natureza é um período curto, quando se leva em conta a idade que uma árvore pode atingir. É como disse o Emicida: não quero chegar primeiro, quero chegar mais longe.
Ando em dois mundos e agora estou distante da mata mais verde que já vi O vento castiga minha face e afaga um varal colorido que tremula Sinto que minha alma revive O cheiro do monóxido de carbono carimba meu pulmão E um pássaro canta no alto de uma árvore Contudo, sem asas, porém, também divino, um mano desconhecido corre o olho pelo trampo Sei que a calçada me abriga desde muito jovem Seja palavra Seja tinta Seja madeira Seja ferro, fogo ou brasa O que mais importa é ser Ser como se nasceu Honesto consigo e o mundo em nossa volta E ao tempo em que me sirvo da situação e anoto, estou em paz comigo mesmo Estou livre Estou participando da mudança Estou em casa Estou na rua Estou esparramando um tanto do que brota em meu coração E olhando o varal e coringando o pano, sei que ando em dois mundos Com os mesmos pés O mesmo espírito A mesma alma E a mesma satisfação de ser