“A vida é uma dança de pensamentos em que não se pode perder saliva”. Esta foi uma colocação que ouvi de um amigo com quem conversava sobre a arte de soltar o copo. Não sei se faço a melhor abordagem para o assunto, mas na falta de outra melhor, tentarei usar esta mesma para embasar meu raciocínio. O papo é sobre convencimento, ou melhor, sobre o erro de querer convencer alguém sobre um determinado ponto de vista. E justifico minha análise porque tenho ouvido muita gente inteligente comentando que é impossível debater uma ideia com alguém que não está disposto a entendê-la. Sem muito mais a dizer sobre, creio que devemos dialogar com nosso interior antes de tentar conversar com o exterior. Até porquê a revolução é individual e de responsabilidade pessoal e intransferível. Por fim, acho que não é emocionalmente inteligente desgastar-se com situações tóxicas. O melhor é deixar que o teatro da vida se cumpra conforme as escolhas de cada indivíduo.
Saio para levar o lixo até o contêiner. O tempo está carregado e vem mais chuva e mais desgraça e isso está me atormentando. Tem um vento frio que se parece com o que sopra no inverno. Alguns pássaros cantam ao tempo em que motoristas afoitos buzinam e gesticulam uns para os outros sempre que dois ou três carros se encontram em uma esquina. Logo vejo dois cães que me cercam e começam a latir. São os mesmos de todos os dias. Agora, manter os próprios cachorros na rua como se estivessem em área privada é o novo normal. Aliás, não aguento mais essa teoria de o novo normal para tudo, como se o mundo houvesse virado de cabeça para baixo. Em pouco tempo escuto rosnadas, olho firme para um deles e digo em alto e bom som: se tu te bobear vou ter de te chamar na pedra. O cão pressente que existe algo de diabólico comigo e hesita. Largo o lixo para dentro do contêiner e em dois segundos tenho quatro pedras em minhas mãos. O canino, incrédulo, ainda me olha e eu olho para ele. Lá pelas tantas v...